COP-30: Brasil corre contra o relógio para evitar fiasco em conferência do clima

A nomeação do presidente da COP-30, o embaixador André Lago, é apenas o pontapé inicial da jornada brasileira para receber a maior conferência climática do mundo: a COP-30. Mas, para evitar o fiasco protagonizado pelo Azerbaijão no ano passado, o governo brasileiro terá que correr — e muito — contra o relógio para embalar as negociações e conseguir o sucesso pretendido pelo Palácio do Planalto.

Lago terá a missão de organizar e comandar as negociações com todos os países para fechar acordos ambientais antes mesmo do evento, previsto para novembro. A 10 meses da conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU), é hora de o governo concentrar seus esforços em chegar a um senso comum.

O principal interesse do governo brasileiro não é uma das coisas mais fáceis de se conquistar. A proposta do país é criar um financiamento ambiental para a preservação das florestas, com aporte anual de países desenvolvidos. A medida poderá beneficiar 80 países e injetar US$ 250 bilhões em países subdesenvolvidos.

A missão do governo Lula pode ganhar um caminho mais fácil com a adesão de países europeus ao projeto. França e Espanha, por exemplo, devem assinar, mas, claro, mediante negociações bem detalhadas.

O problema maior está em outro país, com mais força e com um novo presidente: os Estados Unidos. Donald Trump é um político protecionista, ignora acordos e já disse não precisar do Brasil.

Logo no primeiro dia de mandato, assinou um decreto que tira a terra do Tio Sam do Acordo Climático de Paris, assinado em 2015. Essa é a segunda vez que Trump deixa o acordo, sendo a primeira em 2017, quando assumiu a Casa Branca.

A preocupação é que outros países com políticas alinhadas às de Trump também possam debandar. Podemos citar a Itália e, principalmente, a Argentina como exemplos.

Para evitar o desacordo, o Brasil terá que trazer um convencimento a mais, algo diferente, para emplacar o sucesso no acordo e evitar o enfraquecimento da proposta e de outros temas que venham a ser discutidos.

Mas o governo brasileiro não quer olhar apenas para os cuidados com o meio ambiente. Quer dinheiro, investimento e protagonismo político.

Dinheiro e investimentos principalmente ligados à transição energética e a outros acordos que podem injetar bilhões de reais no país. Nesse setor, o encarregado é o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que foi escalado por Lula para buscar investimentos no Fórum de Davos deste ano.

O Planalto também quer alavancar a credibilidade do país no cenário internacional. Na avaliação de aliados de Lula, usar essa “carta na manga” pode favorecer o petista nas eleições de 2026.

Claro, para isso, deverá correr contra o tempo e superar o fracasso da COP-29. O relógio gira e o governo sabe que precisa agilizar.

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