As primeiras ações de Trump que devem mexer com o mundo

Donald Trump toma posse nesta segunda-feira e o mundo acompanha com atenção as primeiras ações do repúblicano. A Eurasia Group revela que uma das decisões de Trump deverá ser elevar tarifas contra a China e prevê uma piora das relações entre Brasil e EUA. Confira a conversa que tive com o diretor para as Américas da companhia, Christopher Garman.

Há uma grande expectativa de que anúncios sejam feitos já no primeiro dia da nova era Trump. É isso mesmo?

Pois é, acho que o tudo indica que o governo está com umas 100 ordens de executivo prontas para poder anunciar. A gente acredita que talvez esses decretos do executivo vão ser anunciados ao longo de duas semanas, então não é tudo no dia um. Mas, certamente o governo vai querer iniciar com algumas iniciativas. Essas ordens do executivo vão incluir várias áreas, mas evidentemente, é o setor privado está mais de olho em duas rubricas: medidas de protecionismo comercial de um um lado e também medidas anti-migratórias do outro.

Entra já na primeira semana em vigor alguma nova tarifa contra a China? Se sim, na ordem de quanto?

A gente acredita que já começa nessa primeira semana, nos primeiros dias de governo. Uma projeção nossa sobre a tarifa de importação para produtos chineses, que vai de uma média de 13,5% para algo mais próximo de 27%. E hoje, metade dos produtos chineses não são tarifados e a gente acredita que a maioria deles vão ser com graus distintos. O que a gente acredita? É que talvez, na primeira semana, é mais fácil você aumentar as tarifas sobre os produtos que já são tarifados, que são tarifados sobre a sessão 301. Então, essas tarifas podem aumentar algumas de 20%, 25%, chegando a 50%. E aí vai ter que ter um processo de aumentar a lista de tarifas que não são tarifadas, esse processo pode demorar um pouco mais também. E também acho que vai entrar faseado esse aumento de tarifas, até porque nós não temos as indicações de primeiro escalão confirmadas pelo Senado. Nós precisamos ter a confirmação do secretário de comércio, do secretário de tesouro e também a segunda linha do secretariado para poder implementar isso. Então acho que não vai ser tudo de uma vez só.

O Wall Street Journal disse que o Lula caminha para uma disputa diplomática com Trump por conta das dificuldades do Bolsonaro ir à posse do Republicano e não são descartadas tarifas incidindo sobre produtos brasileiros. Qual a visão da Eurásia?

Essa sempre pode ter uma tarifa de cara, no início, mas colocamos o Brasil na categoria de países que podem receber tarifas em um segundo estágio, um pouco mais à frente. Até porque não é uma prioridade do novo governo Trump, existem alvos maiores e mais relevantes que o alto escalão já se dedicou. E aí do lado político, eu acho que esse ruído sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, do ministro Alexandre de Moraes não permitir a ida do ex-presidente Jair Bolsonaro para a posse do Trump, é um alerta para as dificuldades que virão pela frente.

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