Cessar-fogo entre Israel e Hamas está próximo, diz especialista

Após mais de um ano de conflitos, Israel e Hamas devem anunciar uma trégua a qualquer momento. Segundo a maioria dos especialistas, o cessar-fogo nunca esteve tão próximo.

Em entrevista à Novabrasil, o historiador João Miragaya diz que “o fator que mais faz acreditar que o acordo está próximo é que os meios de comunicação pró Netanyahu estão resignados com a trégua”. Até a posse de Trump, isso deverá estar finalizado, segundo ele.

João Miragaya mora em Israel há dez anos. Ele vê o Egito como mediador decisivo para esse acerto. “O rascunho da proposta foi elaborado pelo Egito e, basicamente, o acordo não era assinado porque exigências e demandas de ambos os lados eram contraditórias”. Israel queria levar os reféns de volta ao país, mas com a possibilidade de seguir com a guerra para derrubar o grupo islâmico. Já o Hamas queria exatamente o contrário, ou seja, que fosse dado um fim ao conflito.

Miragaya cita a desconexão do Hamas após as mortes de vários líderes e o receio de que Israel criasse assentamentos em Gaza, como fatores que favorecem a trégua para o grupo. Já o lado israelense “flexibilizou sua posição por entender que o governo Trump faz uma forte pressão para assinatura desse acordo até 20 de janeiro”. Além disso, há problemas políticos para Netanyahu internamente e a libertação de reféns pode ser um cenário mais suave para seu governo.

O historiador avalia que o Hamas não é um lado perdedor nessa guerra, mas o governo israelense perde nesse cenário. “Israel colocou objetivos impossíveis de serem alcançados. É preciso uma solução política para o caso. Ao igualar a Autoridade Palestina ao Hamas, Netanyahu ficou sem alternativa para criar um projeto político de governo”, diz ele. Miragaya afirma que “se o objetivo do Hamas era a sobrevivência do grupo, ele conseguiu levar a questão palestina para o centro do debate e paralisar as negociações entre Israel e Arábia Saudita. Portanto, do ponto de vista político o Hamas sai vitorioso nesse confronto”.

A guerra de Israel contra o Hamas ocorre desde outubro de 2023, quando o grupo islâmico invadiu o território israelense promovendo mortes e sequestros de cidadãos locais. A reação de Israel foi intensa e destruiu praticamente toda a Faixa de Gaza. O cessar-fogo é algo buscado por vários outros atores e, até agora, sem sucesso. Desta vez, parece ser possível acreditar numa trégua e na libertação de alguns reféns.

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