Ituporanguense luta pela Ucrânia na guerra contra a Rússia

Nascido no Hospital Bom Jesus de Ituporanga, McCarton Cabral Bechtold, de 37 anos, luta pela Ucrânia na guerra contra a Rússia. 

De acordo com o pai de McCarton, ele tinha o sonho de ir pra guerra desde criança, além de já trabalhar na área de segurança em carros fortes e ser campeão de tiro por várias vezes.

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Pela internet, McCarton contatou o exército ucraniano e, em cerca de 15 dias, recebeu o chamado para ir à cidade de Ternopil. “Ele foi daqui até Madrid de avião e, depois, teve que pegar um ônibus até Ternopil, porque na Ucrânia não pode ter aviões, por causa da guerra. Ele demorou 61 horas de Madrid até Ternopil, aí chegando lá, começou os treinamentos pra a guerra”.

Durante 15 dias, o treinamento foi intenso e focado no combate. Além das dificuldades do próprio conflito, McCarton contou ao pai que o frio no país é extremo, chegando a 10 graus negativos nesta época do ano. 

“O Mac começou a ir para as missões, que eles falam. Que é ir para a guerra realmente. Então eles ficavam lá, entrincheirados dia e noite, armados… E eu, todos os dias mandava mensagem para ele”, conta Ademir. Ele complementa que, por vezes, o filho não podia responder às mensagens por conta do rastreamento dos celulares. “Os russos rastreiam o celular, eles têm umas armas poderosas a laser, que eles descobrem onde estão entrincheirados”.

McCarton sonhava desde criança em ir para a guerra

Ademir Bechtold, pai de McCarton, conta que o filho está realizando um sonho de estar em meio à uma guerra. “Ele está realizando um sonho, com uma poderosa metralhadora na mão, mas é um sonho. Eu acho que cada um de nós tem um sonho e a gente tenta realizar e às vezes não consegue. Mas se você consegue realizar, realize!”

Para o pai, McCarton é um homem de coragem. “Eu, como pai, considero ele uma pessoa de muita coragem. Porque só pessoas que têm muita coragem fazem isso. Para mim, como pai, ele é um herói. Para os outros a gente não sabe, mas eu acho que se você luta por qualquer país desse mundo, você tem que ter muita força, muita cabeça”.

Ituporanguense sofreu o impacto da guerra na própria pele

Uma granada, enviada pela Rússia, caiu perto das tropas, onde McCarton estava. Ele foi atingido no pé e um estilhaço da bomba entrou em sua na coxa. 

De acordo com o relato de Ademir, o comandante da operação também teve de receber cuidados médicos por conta de ferimentos e um dos soldados, que estava ao lado de McCarton, veio à óbito no ataque. 

Agora, ele já passa bem e está recuperado dos ferimentos. 

Cidades da Ucrânia estão abandonadas

A realidade da guerra relatada de um soldado a seu pai, traz à tona um cenário de destruição, frio extremo e abandono das cidades.

Para contextualizar, no domingo, dia 05 de janeiro, a Ucrânia lançou um novo ataque na região russa de Kursk, com tanques, veículo de desminagem, veículos blindados e paraquedistas. O ministério da Defesa da Rússia anunciou que as forças do país estavam repelindo os ataques, tentando empurrar as tropas da Ucrânia para fora do território. Além disso, as forças de Kiev e Moscou estão enviando reforços para a zona de guerra, incluindo tropas norte-coreanas. O próprio presidente da Ucrânia, Zelensky, disse que as tropas russas e norte-coreanas sofrem muitas perdas. 

“Dificilmente tem um prédio que não esteja metralhado, destruído, como Kiev, Kiev também está praticamente destruída”.

Os relatos de McCarton ao pai falam em cerca de onze mil norte-coreanos integrando as tropas aliadas à Rússia. Estes norte-coreanos possuem um treinamento de alto rendimento.

Os relatos de quem vive a guerra trazem um panorama

O panorama da guerra entre Rússia e Ucrânia também levanta questões econômicas. A moeda do país onde está McCarton vale menos de 15 centavos de real. Ademir conta “A moeda deles vale 0,13 centavos de real, então, ele disse para mim que almoça com R$2. Quando ele chegou lá, alugou o apartamento por R$150”.

Hoje, o cenário mostra apartamentos e casas abandonadas. O medo toma conta e as pessoas fogem da Ucrânia. Existem cidades que não são diretamente atingidas pelos bombardeios, no entanto, nas cidades envolvidas, as ruas são, praticamente, fantasmas. 

“E morre muita gente, ele disse ‘eu não posso contar, a gente é proibido de falar’, mas morre muita gente que aqui no Brasil, a gente não sabe”, afirma Ademir. Ele ainda desabafa: “A única coisa que eu espero é que essa guerra acabe. Que realmente os governos tenham consciência de que uma guerra não leva a nada, uma guerra só leva a morte de pessoas, muitas vezes inocentes. Eu espero que essa guerra realmente acabe e que ele volte, só isso que eu espero.

Pai de soldado aguarda a volta do filho para casa

As notícias mais recentes do cenário internacional mostram que Donald Trump pode ser decisivo no resultado da guerra com a Rússia. Para o presidente da Ucrânia, a solução do conflito exige que Kiev receba garantias de segurança dos Aliados, ingresse na União Europeia e receba um convite para entrar na Otan. 

Enquanto isso, a família deste e de tantos outros soldados, sofre com a saudade de um filho e a preocupação diária com a segurança. Atualmente, a família mora em Florianópolis e Ademir torce pelo retorno do filho.

“Eu, como pai, a irmã dele… Nossa preocupação sempre foi muito grande com ele. Conselhos nós vemos vários para ele não ir, mas nós esperamos que ele volte, para que a gente volte a ser uma família, para que a gente volte a estar juntos, para compartilhar tudo que aconteceu. A realização do sonho, que ele conseguiu. Eu espero que isso aconteça e espero que quem estiver ouvindo, como brasileiro, não vá para a guerra, porque é muito complicado”, finaliza Ademir Bechtold, pai de McCarton.

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