DOCE MARAVILHA: O show hipnotizante de Bethânia com Xande de Pilares – Por Manu Maria.

O domingo (26) amanheceu frio e chuvoso no Rio de Janeiro, o que gerou muita aflição pela incerteza sobre o show histórico de “Maria Bethânia convida Xande de Pilares” devido ao clima.

Foto: Martha Portinho.

Os que, resilientes (eu inclusa), decidiram enfrentar o mau tempo apesar disso para vê-la, prestigiaram mais um espetáculo que é sempre um divisor de águas para todos: os que já a viram outras vezes, os que estão vendo pela primeira, os que são fãs e os que não são. É impossível ficar indiferente à voz de Maria Bethânia. 

Apesar de saber que a chuva talvez não fosse um obstáculo para uma filha de Iansã, pouco antes do show, ela cessou, nos permitindo assistir a tudo sem que nada nos atrapalhasse.

Maria Bethânia tem o poder arrebatador de nos hipnotizar no palco. Vestindo elegantemente um figurino inédito todo vermelho, ao entrar entoando os versos de Gema, a plateia se cala para ouvi-la. “Diamantina presença”, de fato.

Trazendo um repertório um pouco diferente do que já ouvimos em seus últimos shows, ela nos surpreendeu com canções pouco cantadas (embora muito solicitadas) em suas apresentações como é o caso de As canções que você fez pra mim, de Erasmo e Roberto Carlos que na voz de Bethânia ganha um quê a mais de melancolia. 

Muito sorridente e agradável com o público, a nossa Abelha Rainha estava estonteante. É nítido que ela faz o que faz, com exímia execução, porquê ama. É realmente dona do dom que Deus lhe deu e sabe usá-lo muito bem para nos envolver. 

Foto: Martha Portinho.

Enquanto ela cantava, na minha catarse estávamos ali somente eu e ela. A plateia estava cheia mas eu não via ninguém, completamente arrebatada e emocionada pelo privilégio de poder viver esse momento mais uma vez.

Como previsto, em meados do show, Bethânia convida Xande de Pilares para dividir o palco com ela. Recebendo-o com toda gentileza, dava pra ver que o cantor se sentia abençoado naquele momento por uma das maiores vozes desse país.

Foto: Martha Portinho.

E quem é que não se sentiria? Enquanto ele canta canções autorais e outras, com um carisma único e muito samba no pé, Bethânia se delicia e assiste sentada ao fundo do palco, mantendo sua grandiosidade embora esteja nesse momento, em segundo plano.

O show segue depois do cantor fazer sua participação. Ela ainda nos presenteia com músicas que já são esperadas e sempre cantadas pelo público a plenos pulmões como NegueVento de Lá/Imbelezô Amor de Índio. É impressionante como ela consegue fazer do palco um lugar em que tantas emoções transitam.

Cantando sobre amor, desamor, religiosidade, a vida, brasilidade, fé, ela traça um caminho que nos guia à sua versatilidade e profundidade. O show se encerra aos gritos de ‘mais um, mais um’ da plateia que não se satisfaz, afinal de contas é realmente insaciável o deleite de assistir Maria Bethânia ao vivo.

Foto: Martha Portinho.
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