Como evitar que greves nas empresas prejudiquem o consumidor?

Imagine-se, por um momento, diante de uma rua movimentada. Os carros passam em alta velocidade, os sons da cidade se misturam e, no meio desse cenário caótico, você decide atravessar sem olhar para os lados. Isso é bem arriscado, certo? Agora, transfira essa imagem para o mundo corporativo.

A greve nas empresas se assemelha a essa travessia imprudente. É um momento em que a falta de atenção e de planejamento pode levar a consequências desastrosas. Em um piscar de olhos, a falta de cuidado pode transformar um simples percurso em um verdadeiro campo de batalha. Assim como um transeunte que ignora os sinais vitais do trânsito pode ser surpreendido por um veículo desgovernado, uma empresa que negligencia os alertas de greve pode se encontrar em apuros, lutando para manter sua posição em meio ao caos. E cada passo em falso pode resultar em consequências devastadoras, não apenas para os negócios, mas também para os consumidores que dependem deles.

As greves e o consumidor

Quando os colaboradores cruzam os braços, eles desencadeiam um efeito dominó. As prateleiras começam a ficar vazias, os prazos de entrega se estendem, e a qualidade do serviço pode sofrer uma queda. Imagine a frustração de aguardar um produto que nunca chega ou de ver o seu restaurante favorito com o menu reduzido.

Além disso, as greves podem influenciar o mercado de maneiras inesperadas. Com a escassez de produtos, os preços podem subir, e a competição entre os consumidores se intensifica. É um verdadeiro jogo de xadrez, onde cada movimento pode afetar o que está em sua cesta de compras.

Tempestades nas empresas

Essa reflexão ressoou durante o Summit Resiliência Empresarial, evento promovido pelo Machado Meyer Advogados. Nele, especialistas se reuniram para discutir como navegar pelas tempestades do ambiente de negócios, transformando desafios em oportunidades e garantindo que suas organizações não apenas sobrevivam, mas prosperem. Afinal, em tempos de incerteza, a resiliência e a atenção aos sinais do mercado são as chaves para uma travessia bem-sucedida.

Um dos painéis tratou o tema “Crises com Funcionários: greves, assédio moral e proteção de executivos”. Os especialistas do Machado Meyer Advogados Caroline Marchi, da área trabalhista; Eliane Cristina Carvalho, de contencioso; e Raphael Soré, de compliance, marcaram presença. Além deles, Bruno Bartijotto, diretor jurídico da LATAM Airlines Brasil.

Na oportunidade, Bruno comentou que, no setor aéreo, quando ocorre um acidente ou incidente, a equipe o aciona imediatamente por WhatsApp, e-mail e SMS ao mesmo tempo. “Isso me sinaliza que é hora de agir. O que faço é informar à família que estarei incomunicável nos próximos dias e, possivelmente, por um tempo indefinido, mas que estou bem e focado no trabalho. Para isso, a empresa realiza treinamentos, como os de acidentes aéreos e incidentes, além de simulações de sequestros com a participação da Polícia Federal e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Realizamos até treinamentos específicos para situações de roubo seguido de sequestro, tudo sem que os executivos tenham conhecimento prévio”.

Prevenção é o melhor remédio

Para Caroline Marchi, prevenção de crises é sinônimo de preparação. Essa preparação envolve a prática da tomada de decisão. Partindo para situações relacionadas a greves, por exemplo, a questão não deve ser abordada apenas quando se recebe uma notificação do sindicato com um prazo, segundo ela. “Ela deve ser iniciada muito antes, começando pelo mapeamento da relação da empresa com o sindicato. Isso inclui definir as metas financeiras da empresa, avaliar se será possível conceder o reajuste esperado, se haverá mudanças no PPR ou se será necessário realizar demissões”.

O preparo para a greve também se relaciona com o quanto a empresa está alinhada à liderança das pessoas. “Não se trata apenas da liderança jurídica ou da alta direção, mas da liderança que envolve todo o time. Afinal, quem não se comunica se complica, ainda mais em momentos de greve. É essencial haver uma comunicação prévia, um contato direto com os colaboradores”.

Principais insights

Quando o mar revolto das crises se aproxima nas relações de trabalho, a preparação e a prática na tomada de decisão se tornam indispensáveis. Em suma, navegar em águas turbulentas exige não apenas coragem, mas também estratégia e planejamento. Assim, no Summit Resiliência Empresarial, foi possível perceber que, antes que as notificações do Sindicato comecem a aparecer, é crucial que as discussões sobre greves sejam iniciadas. Essa abordagem proativa pode ser o diferencial entre um porto seguro e um naufrágio.

Além disso, mergulhar no universo dos Sindicatos é como explorar um mapa. Em outras palavras, conhecê-los a fundo permite às empresas identificar sinais de alerta antes que se tornem tempestades, possibilitando uma preparação adequada e eficaz. Com essa visão, é possível transformar desafios em oportunidades e a colaboração sempre à tona. Assim, ao cultivar um ambiente de diálogo e compreensão, todos os envolvidos se tornam capitães de sua própria jornada, prontos para enfrentar qualquer onda que surja no horizonte.

Empresas se antecipando à greve

Imagine a cena: na indústria automotiva, a ausência de um único componente pode transformar uma linha de produção eficiente em um verdadeiro labirinto de atrasos. E, se a operação entra em colapso, os fornecedores, que dependem dessa engrenagem, também podem ser tragados pela tempestade. Por isso, o planejamento meticuloso e o mapeamento estratégico são essenciais para navegar com habilidade nas águas turbulentas de uma crise.

Antecipar uma greve e garantir um estoque adequado não é apenas uma estratégia; é uma arte que pode ser a diferença entre a harmonia e o caos nas relações comerciais. 

“A primeira regra em tempos de crise é: não subestime! Quando se minimiza a gravidade da situação, a resiliência se torna um desafio ainda maior. Você pode ser pego de surpresa por fatores que não esperava, simplesmente porque ignorou aspectos cruciais. Por isso, é vital definir quem será o porta-voz da situação. Quem, entre sua equipe, possui a habilidade e a credibilidade necessárias para comunicar-se de forma eficaz? Em momentos de crise, é preferível tomar decisões ousadas do que se ater à necessidade de estar certo. Além disso, compreender os impactos jurídicos é fundamental para que suas respostas sejam robustas e que novas frentes de conflito não sejam abertas no futuro”, enfatizou Raphael Soré.

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