Por Álvaro Nicotti*
A desigualdade social é uma das marcas mais profundas do mundo contemporâneo e encontra no modo de produção capitalista um de seus pilares estruturais. A pobreza e a miséria, embora sejam fenômenos complexos que podem ser mensurados sob diversas perspectivas, estão diretamente ligadas às dinâmicas políticas, sociais e, sobretudo, econômicas impostas por esse sistema. Além disso, apresentando graves sequelas ambientais em todos os lugares do planeta.
Sob a lógica do modo de produção capitalista, tendo como principais atores os detentores do capital e os sujeitos assalariados, é essencial destacar as consequências dessa relação para a sociedade como um todo. Como afirma o economista Thomas Piketty, o capitalismo “produz automaticamente desigualdades insustentáveis, arbitrárias, que ameaçam de maneira radical os valores de meritocracia sobre os quais se fundam nossas sociedades democráticas”.
Nesse sentido, a desigualdade social — alimentada pelas assimetrias estruturais do capitalismo — é uma das principais responsáveis pela perpetuação da pobreza e da miséria. De acordo com a professora Sandra Rocha, a “pobreza é um fenômeno complexo, podendo ser definido de forma genérica como a situação na qual as necessidades não são atendidas de forma adequada”. Já a miséria, condição extrema à qual um ser humano pode chegar, é descrita pelo geógrafo Milton Santos como a privação “da satisfação de algumas das necessidades vitais, de maneira que a saúde e a força física tornam-se precárias a ponto de fazer perigar a própria vida”.
A presença da pobreza e da desigualdade social é evidente no mundo atual, especialmente nos espaços urbanos onde se observa a negação sistemática de direitos fundamentais. Um desses direitos é o direito à cidade, que pressupõe bem-estar, acesso a serviços e dignidade para todos os cidadãos. No entanto, não é difícil localizar, sobretudo em países com altos índices de desigualdade como o Brasil, regiões urbanas onde famílias vivem em condições de extrema vulnerabilidade, em moradias precárias e com acesso restrito a recursos básicos.
Atualmente, muitos pesquisadores se dedicam a estudar e propor soluções para a desigualdade social, especialmente nos países do hemisfério sul, como o Brasil. Contudo, compreender a pobreza, a miséria e a desigualdade social não exige apenas identificar os grupos afetados. É preciso também investigar quem são os sujeitos que concentram a renda e os recursos.
Portanto, compreender a desigualdade exige mais do que mapear os que sofrem com ela. Exige coragem para nomear os beneficiários desse sistema desigual, para investigar os mecanismos de concentração de renda e poder, e para propor alternativas reais a um modelo que se sustenta pela exclusão. Afinal, entender quem são os ricos é tão fundamental quanto entender a pobreza. E a pergunta que não pode ser evitada é: quem são os sujeitos que concentram a renda no Brasil e no mundo?
No Mundo:
Elon Musk
|
US$ 244,8 bilhões
|
Tesla, SpaceX
|
Jeff Bezos
|
US$ 195,7 bilhões
|
Amazon
|
Mark Zuckerberg
|
US$ 184,8 bilhões
|
Facebook
|
Bernard Arnault e família
|
US$ 184,1 bilhões
|
LVMH
|
Larry Ellison
|
US$ 169,8 bilhões
|
Oracle
|
Warren Buffett
|
US$ 139,9 bilhões
|
Berkshire Hathaway
|
Larry Page
|
US$ 135,8 bilhões
|
Google
|
Bill Gates
|
US$ 132,1 bilhões
|
Microsoft
|
Sergey Brin
|
US$ 130,1 bilhões
|
Google
|
Michael Bloomberg
|
US$ 103,4 bilhões
|
Bloomberg
|
No Brasil:
1 | Eduardo Saverin | 28 bilhões | Meta Platforms (cofundador) | ||
2 | Vicky Safra | 20,6 bilhões | Safra Group (presidente) | ||
3 | Jorge Paulo Lemann | 16,4 bilhões | 3G Capital (cofundador) | ||
4 | Pedro Lourenço | 10 bilhões | Supermercados BH (fundador) | ||
5 | Carlos Alberto Sicupira | 8,9 bilhões | 3G Capital (cofundador) | ||
6 | Fernando Roberto Moreira Salles | 7,6 bilhões | Itaú Unibanco (ex-presidente) | ||
7 | Pedro Moreira Salles | 7,1 bilhões | Itaú Unibanco | ||
8 | André Esteves | 6,6 bilhões | BTG Pactual (fundador) | ||
9 | Alexandre Behring | 6,3 bilhões | 3G capital | ||
10 | Miguel Krigsner | 5,7 bilhões | O Boticário |
Sugestão de Filmes:
- Bacurau (Brasil, 2019)
- Carvão (Brasil, 2022)
- Propriedade (Brasil, 2022)
- Recife Frio (Brasil, 2009)
- Ilha das Flores (Brasil, 1989)
*Professor, pesquisador e editor do site TemQueVer
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Porto Alegre 24 Horas