CM entrevista: “Nosso objetivo é oferecer uma ‘gota de Einstein’ a qualquer ser humano”

O Hospital Israelita Albert Einstein é uma referência global em excelência médica. Manter esse padrão de qualidade em um setor tão desafiador como o da saúde exige uma cultura organizacional fortemente enraizada no compromisso com a inovação e a qualidade. No centro dessa missão está Sidney Klajner, presidente da instituição e um dos principais nomes da gestão hospitalar no Brasil.

Filho de médico, Klajner teve contato com a profissão desde cedo. Aos 11 anos, começou a acompanhar o pai em visitas domiciliares a pacientes, o que despertou sua paixão pela Medicina. Em 1986, foi aprovado em primeiro lugar no concorrido vestibular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Após anos de dedicação à área cirúrgica, Klajner atuou no Pronto Atendimento do Einstein no Morumbi e na Unidade de Alphaville. Seu envolvimento com o hospital foi crescendo, principalmente nas áreas de qualidade e assistência. Em 2007, foi convidado para integrar a diretoria e, três anos depois, tornou-se vice-presidente. Em 2016, assumiu a presidência da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SBIBAE).

Sua gestão é marcada por inovação, foco e um compromisso inabalável com a excelência. Klajner defende que a qualidade do Einstein deve alcançar o maior número possível de pessoas, levando uma “gota Einstein” a qualquer ser humano que precise de atendimento médico. Seu objetivo é expandir o impacto da instituição para além das unidades hospitalares, promovendo acesso à saúde de qualidade por meio de tecnologia, telemedicina e programas de assistência.

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Experiência do paciente

Consumidor Moderno: O Albert Einstein é referência global em excelência médica. Como manter esse padrão de qualidade em um setor tão desafiador quanto o da saúde?

Sidney Klajner: Desde que o Einstein foi fundado, há 70 anos, existe na nossa cultura organizacional uma obsessão por fazer mais e melhor.

Todo término de um projeto passa por uma avaliação de investimento e entrega. Analisamos como poderíamos ter aprimorado determinado procedimento, iniciativa, ação para saúde pública, aquisição de medicamento ou treinamento. Essa obsessão pela melhoria contínua, para conferir uma melhor experiência e um cuidado mais humanizado é o que nos mantém em um alto padrão de qualidade e nos direciona para atuações mais inovadoras.

Nossa cultura é baseada num propósito, a essência, e isso se apoia numa obsessão quase que constante por fazer mais e melhor.

CM: Como você vê o papel da IA e da telemedicina na experiência do paciente nos próximos anos?

Cada vez mais, os canais de comunicação serão definidos conforme a preferência do paciente. Para as novas gerações, quanto mais digital for o contato, mais resolutivo ele será. Por isso, o canal da telemedicina ou de um atendimento one-stop-shop precisa ser oferecido.

Ao mesmo tempo, uma instituição de saúde atende todas as faixas etárias e deve garantir cuidado para aqueles que não têm acesso ou familiaridade com a tecnologia. No Einstein, chamamos de “Inteligência Aumentada” – e não artificial – porque ela é a nossa inteligência ampliada por um algoritmo

Assim, podemos oferecer a melhor experiência tanto para quem prefere o toque humano quanto para quem deseja uma solução digital ágil. No futuro, cada vez mais, teremos que estar preparados para oferecer o canal que aquele grupo de pacientes deseja, e talvez segmentar a jornada, seja digital ou não digital.

A telemedicina faz com que 80% das soluções de urgências leves sejam resolvidas de forma mais rápida e eficaz do que um pronto atendimento tradicional, evitando longos tempos de espera e exposição a doenças. A personalização da experiência será essencial, e para isso precisamos investir em múltiplos canais.

Meta ambiciosa

CM: Quais são os principais desafios para garantir que Einstein continue inovando e oferecendo atendimento de ponta?

O Einstein atua tanto na saúde privada, saúde suplementar, quanto na saúde pública, e o grande desafio é conseguir aumentar a acessibilidade do público. Parte da nossa essência, é trazer a equidade em saúde, e com isso ter a mesma qualidade de atendimento seja qual for o público.

Esses desafios são representados pelo uso da tecnologia, da Inteligência Artificial para trazer a visão do especialista onde o ele não existe. Temos trabalhado na região Norte com essa abordagem, por exemplo. Além disso, precisamos entender o impacto das mudanças climáticas na saúde das populações vulneráveis e investir em tecnologia que agregue valor ao tratamento.

No mundo, mais de 2 bilhões de pessoas não têm acesso à assistência médica. É uma meta ambiciosa, lógico. Mas, nosso objetivo é oferecer uma “gota de Einstein” a qualquer ser humano, onde ele estiver. As barreiras logísticas e a falta de assistência são desafios enormes, mas acreditamos que, com inovação, pesquisa e colaboração, vamos contribuindo com tijolinhos para esse fim.

CM: Se você pudesse definir o seu legado à frente do Einstein, como definiria?

O que posso dizer é que, depois de oito anos de gestão, é um legado de uma entidade mais humanizada, altamente inovadora, humanizada e que tem um perfil de diversidade, inclusão muito melhor do que já houve. E que, principalmente, abraça a tecnologia como um aliado, e não como algo a se temer.

Acredito que entregar uma medicina que seja mais equânime através de tecnologia já é um legado sensível. E a humanização do atendimento, tendo enfrentado uma pandemia como o coronavírus da forma como a gente enfrentou, é um dos grandes legados.

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