Bolsonaro diz que Cid fez delação sobre trama golpista porque foi ‘ameaçado’

Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a delação do tenente-coronel Mauro Cid, que baseou a investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado pela qual o ex-presidente e sete aliados se tornaram réus no STF (Supremo Tribunal Federal), foi fruto de ameaças sofridas pelo militar.

A delação não foi espontânea. Foram para cima do Cid, pegaram o telefone dele por uma questão de cartão de vacinação. Em cima disso, ele começou a ser ameaçado, falaram da mulher dele, da filha dele. Ele desabafou com alguém, disse que, quando foi depor, a PF [Polícia Federal] já tinha um script pronto”, afirmou nesta quarta-feira, 26.

Eles querem dar materialidade à denúncia deles“, concluiu o político. A delação de Cid, que foi seu ajudante de ordens na Presidência da República, forneceu os indícios que embasaram duas operações policiais a respeito da trama golpista, utilizadas pela PGR para apresentar a denúncia que foi acolhida pelo Supremo. As defesas dos réus do caso questionaram a validade da delação no julgamento.

+Quem estava com Bolsonaro no discurso após se tornar réu no STF

O que aconteceu

Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, os cinco ministros que integram a Primeira Turma do STF, decidiram de forma unânime acolher a denúncia oferecida pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra os oito integrantes do principal núcleo responsável por elaborar um plano para impedir a posse do presidente Lula (PT) e manter Bolsonaro no poder à revelia da decisão popular.

Com a decisão, os supostos golpistas se tornaram réus no processo criminal instaurado pela corte e serão submetidos a um julgamento, pelo qual poderão ser absolvidos ou condenados — e presos, a depender da decisão dos magistrados. As acusações são de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, delitos que somam mais de 43 anos de prisão.

Quem se tornou réu nesta quarta

  • o ex-presidente Jair Bolsonaro;
  • o ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem;
  • o ex-comandante da Marinha do Brasil, Almir Garnier Santos;
  • o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres;
  • o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, General Augusto Heleno;
  • o ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, Mauro Cid;
  • o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira;
  • o ex-ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto.

O que embasa o processo

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