Atividades escolares na natureza podem beneficiar saúde mental

Fazer atividades escolares em meio à natureza pode reduzir sintomas de estresse em crianças com problemas de saúde mental, sugere um estudo das universidades McGill e de Montreal, ambas no Canadá, publicado recentemente no JAMA Network Open. 

Os autores queriam saber se essa mudança na rotina poderia melhorar o bem-estar emocional dos alunos. Para testar a hipótese, planejaram uma intervenção feita em 33 escolas durante 12 semanas, incluindo 53 professores e 1.015 estudantes com idades entre 10 e 12 anos.  

Nesse período, os alunos tiveram duas horas semanais de aulas regulares em um parque. Além de matérias como matemática ou ciências, também faziam atividades curtas voltadas à saúde mental, de 10 ou 15 minutos, como desenhar, escrever, meditar, entre outras. 

Antes de começar e ao final do experimento, alunos e professores preencheram questionários para avaliar aspectos comportamentais e emocionais. Todos os dados foram comparados com um grupo de 17 escolas e 500 alunos que não participaram da intervenção.  

Os resultados mostraram que as maiores mudanças na saúde emocional ocorreram em crianças com sintomas significativos de ansiedade, depressão, além de agressividade ou problemas de interação com os pares.  

“O impacto foi observado em um subgrupo vulnerável, mas a ausência de um efeito imediato não exclui a possibilidade de benefícios mais sutis ou de longo prazo [em crianças sem transtornos prévios], que podem não ser captados em um período de estudo limitado”, avalia Eliseth Leão, pesquisadora e docente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e líder do grupo de pesquisa sobre conexão com a natureza para promover bem-estar e conservação da biodiversidade. 

Segundo Leão, que é cofundadora da Rede Saúde e Natureza Brasil, benefícios na saúde mental podem levar tempo para se manifestar. Por isso, as ações precisam ser contínuas. “Intervenções ambientais, como a exposição à natureza, podem contribuir para mudanças graduais no bem-estar, na redução de sintomas ou na resiliência emocional, que não são facilmente captadas em um estudo de curta duração. Além disso, a formação de hábitos relacionados ao contato com a natureza pode ter impactos cumulativos, ampliando os efeitos ao longo do tempo.”  

Para os autores da pesquisa, os resultados podem ajudar educadores, responsáveis por políticas públicas e profissionais de saúde a elaborar medidas fáceis e acessíveis para apoiar especialmente os mais vulneráveis.  

Benefícios da natureza à saúde  

De acordo com Eliseth Leão, do Einstein, o contato com o meio ambiente tem efeitos positivos comprovados pela ciência. São eles: 

Redução do estresse: a natureza ativa o sistema nervoso parassimpático, promovendo relaxamento. 

Melhora na concentração: ambientes naturais ajudam a restaurar a atenção, reduzindo a fadiga mental. 

Redução da ansiedade e da depressão: estudos mostram que o contato com a natureza reduz sintomas de transtornos de humor. 

Promoção de atividades físicas: estar na natureza incentiva o movimento, que por si só melhora a saúde mental. 

Conexão emocional: o contato com o ambiente natural promove um senso de pertencimento e tranquilidade. 

Fonte: Agência Einstein  

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