De slams a livros, conheça 10 poetas contemporâneos que trazem novas vozes, estilos e reflexões para o cenário literário
Ao longo da história, a poesia tem sido um veículo para registrar emoções, denunciar injustiças e refletir sobre a condição humana. No Brasil, a tradição poética se renova constantemente, com novas vozes que trazem perspectivas inovadoras, exploram oralidade, performance e abordam temas como identidade, negritude, feminismo e ancestralidade.
No Dia Mundial da Poesia, comemorada em 21 de março, foi instituída pela UNESCO em 1999 para homenagear a poesia como uma das formas mais antigas e universais de expressão artística. A iniciativa busca valorizar os poetas, preservar a diversidade linguística e incentivar a produção e circulação de obras poéticas ao redor do mundo.
Para celebrar essa data, reunimos uma seleção de poetas contemporâneos brasileiros que se destacam no cenário atual. São autores que reinventam a poesia, levam seus versos para além das páginas dos livros e conquistam espaços digitais, saraus e slams.
10 poetas contemporâneos brasileiros para conhecer
1. Mel Duarte
Com forte atuação na cena do slam, Mel Duarte é uma das vozes mais vibrantes da poesia falada no Brasil. Seus versos abordam temas como empoderamento feminino, ancestralidade e resistência.

2. Ryane Leão
Autora do projeto “Onde Jazz Meu Coração”, Ryane Leão transforma sentimentos cotidianos em versos poderosos e acessíveis, explorando temas como amor, dor e pertencimento.

3. Bruna Mitrano
Nome em ascensão na cena carioca, Bruna Mitrano escreve poemas que transitam entre o íntimo e o político, com uma poesia envolvente e reflexiva.

4. Elizandra Souza
Poeta periférica e ativista, Elizandra Souza tem uma obra marcada pela valorização da negritude e da cultura afro-brasileira, trazendo uma escrita potente e necessária.
“Quem pode acalmar esse redemoinho de ser mulher preta?”

5. Ricardo Aleixo
Multiartista, Ricardo Aleixo mistura poesia, performance e experimentação sonora, criando uma obra que desafia os limites da palavra escrita.
6. Adelaide Ivánova
Autora de poemas que transitam entre o feminismo e a crítica social, Adelaide Ivánova tem uma escrita crua e impactante, abordando temas urgentes.
7. Eucanaã Ferraz
Com uma poesia sofisticada e sensível, Eucanaã Ferraz é reconhecido por seu lirismo envolvente e por sua contribuição à poesia brasileira contemporânea.
Sul
Deixo que o táxi me leve. Mais que o lugar,
deixo que o som me leve,
bom de ouvir e dizer: Leblon.
A primeira sílaba se eleva, anel breve,
e desaparece
logo que a outra em onda lenta e dilatada se desabotoa.
A resina translúcida e viscosa
do que nelas é água e sal fica na boca.
Rua do mundo (2004)
• • •
8. Tatiana Nascimento
Destaque na poesia afro-brasileira e LGBTQIA+, Tatiana Nascimento traz um trabalho que resgata ancestralidades e propõe novas formas de escrita e leitura.
e se eu nunca mais
escrever
cartas
de amor
__
porque posso pousar
direto na tua boca macia
os sentidos desse desejo
__
?
e se eu nunca mais
cantar
serenatas de amor
embaixo da sua janela
(que é lá no décimo primeiro
andar, vc nem ia ouvir,
mesmo)
__
por poder derramar
direto nos teus tímpanos
o silêncio desse afeto?
__
(o amor
que era sonho
virou agora, tudo,
y querência
de futuros)

9. Micheliny Verunschk
Micheliny Verunschk é uma poeta e escritora que se destaca pela profundidade de sua obra, transitando entre a tradição e a inovação.

10. Luz Ribeiro
Campeã do Slam BR e finalista do Slam World Cup, Luz Ribeiro é uma poeta que traz questões raciais, feministas e sociais para o centro de sua obra, usando a oralidade como ferramenta de transformação.
eu faço silêncio
e ela barulho
lebara
me conta tudo
um estampido no ouvido
as quatro da manhã
e no silêncio da madrugada
inquieta, me põe em alerta
fofoqueia, balbucia, confia
confere e anuncia:
o quanto de bom me querem
o quanto de mal proferem
eu menina ainda
embaixo da sua saia
me escondo fico protegida
eu choro longo e essa é minha magia
digo o que me fere e angústia
ela recolhe minhas lágrimas
e devolve as quem me deu
nunca verti sangue pra ferir alguém
que não fosse o meu
eu sangro demais
por vezes atoa
eu me derramo inteira
pra refazer meus pedaços
já me viram gritar
e calada me vi crescer
quando me torno audível
é pra não enlouquecer
só quem anda comigo
vê que meu sangue verteu
me pega no colo e diz:
faz silêncio
que seu choro pra mim
é raiz
fecho os olhos e os cortes
abro o peito me vejo com sorte
relembro meu corpo se jogando pra traz
com uma gargalhada que aqui jaz
meu corpo memória
hoje ereto
sorri um pouco
relembrando do som que sei fazer
tou me preenchendo de fé
de fé em mim
de saber ficar de pé
é carnaval
e minha carne sem festa
é carnaval
e minha carne é reza
me degluto
pra não me degolar
um sacrifício simbólico
pra voltar a voar
já peguei fogo
hoje sou cinzas
antes de um outro carnaval
me verão mais colorida
me de um tempo
só um pouco mais de tempo
que eu anuncio
confete e serpentina
fora da cronologia
eu meu samba enredo
eu meu bloco todo
eu minha canção
o tempo é rei pra me mostrar:
que eu sei fazer
carnaval em qualquer fresta
antes do tempo chegar
A poesia como resistência e transformação
A poesia contemporânea brasileira segue em constante reinvenção, conquistando novos públicos e espaços. Com o avanço das redes sociais e dos saraus, muitos desses poetas expandiram o alcance de suas obras, o que tornou a poesia mais acessível e conectada com os desafios do presente.
E você, qual poeta contemporâneo brasileiro adicionaria a essa lista? Compartilhe e celebre a poesia!
The post Dia Mundial da Poesia: 10 poetas brasileiros contemporâneos que você precisa conhecer appeared first on Novabrasil.