Reinvenção: a nova regra do setor de varejo e consumo

Os CEOs no Brasil e no mundo estão otimistas em relação ao crescimento do setor de varejo e consumo. Não só isso, como também estão colhendo frutos em relação aos investimentos realizados nos últimos anos em Inteligência Artificial (IA), como eficiência e aumento de vendas de produtos e serviços. Mas, apesar desse cenário positivo, essas lideranças estão atentas à necessidade de reinvenção para que as empresas sobrevivam aos próximos dez anos.

“A indústria de varejo e consumo está se reinventado e, por ter acesso ao consumidor diretamente, pode fazer a sua reinvenção”, explica Luciana Medeiros, sócia e líder do setor de Consumer Markets na PwC Brasil. “A indústria está buscando novos serviços e produtos, entendendo como pode ter um adicional, pensando de forma estratégica como agregar mais valor ao cliente”.

Por isso, o título da 28ª edição da pesquisa “CEO Survey” da consultoria é “A reinvenção batendo à porta”. Segundo o levantamento, 33% dos CEOs do setor de consumo do Brasil acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se continuarem no caminho atual. Trata-se de um aumento na comparação com os resultados da pesquisa de 2024, de 30%.

No entanto, trata-se de uma avaliação menor quando comparado à média geral do Brasil, de 45%. Ou seja, segunda a pesquisa, o setor de consumo apresenta uma percepção de risco menor em comparação à média das demais indústrias.

Um otimismo receoso

Luciana Medeiros, sócia e líder do setor de Consumer Markets na PwC Brasil.

Uma das evidências dessa perspectiva está nas expectativas dos CEOs em relação ao crescimento do setor e da economia global. 59% das lideranças do setor esperam uma aceleração na economia global nos próximos 12 meses – valor abaixo da média nacional, de 68%, e levemente acima da média mundial de 58%. Já 62% das lideranças de varejo e consumo esperam a aceleração da economia do Brasil, enquanto 73% lideranças de diferentes setores esperam o mesmo.

Ainda, 59% dos entrevistados no setor planejam ampliar o quadro de funcionários no próximo ano – valor acima da média geral do Brasil, com 53% –, enquanto apenas 18% pretendem reduzir.

No entanto, o principal desafio à vista pelos CEOs do setor de varejo e consumo no Brasil é a falta de mão de obra qualificada. 41% das lideranças apontaram essa como a principal ameaça nos próximos 12 meses, um valor ainda mais significativo quando comparado à média nacional, de 30%.

Como destaca Luciana Medeiros, é a primeira vez que a falta de mão de obra figura como a principal ameaça para os negócios do setor na pesquisa. “Podemos ver uma relação com o quadro geral da mão de obra: há um baixo nível de desemprego e faltam profissionais para o varejo, principalmente, no chão da loja”.

Outras ameaças apontadas pelas lideranças do setor são:

  • Riscos cibernéticos (31%);
  • Inflação (28%);
  • Instabilidade macroeconômica (26%);
  • Mudanças climáticas (23%);
  • Desigualdade social (18%);
  • Disrupção tecnológica (15%);
  • Conflitos geopolíticos (13%).

IA generativa no radar

A Inteligência Artificial é outro tema de relevância para os CEOs do setor de consumo brasileiro: 63% relatam que a tecnologia já resultou em ganhos de eficiência no uso do tempo dos funcionários. Na comparação com a média geral do país, o valor foi de 52%. Ainda, 41% identificaram um aumento na receita com a venda de produtos e serviços, e 34% na lucratividade.

A maioria das lideranças do setor (57%) esperam um impacto da IA na lucratividade das empresas em 2025. Na comparação com 2024, a expectativa era de 44% e a realizada se concretizou para 34% dos CEOs.

Apesar das preocupações em relação à falta de mão de obra qualificada, apenas 16% dos CEOs do setor no Brasil afirmam ter reduzido o quadro de funcionários devido à IA generativa. Já 19% relatam um aumento no número de profissionais devido aos investimentos na tecnologia.

“Vemos que a IA irá trazer eficiência, mas, quando falamos do chão de loja, a tecnologia vai ajudar a aprimorar, acelerar alguma venda, mas não irá substituir a mão de obra”, destaca Luciana Medeiros. “Em outra pesquisa, a ‘Voz do Consumidor 2024’, vimos que brasileiros falam mais sobre usar a IA com um toque humano do que consumidores globalmente”.

A pesquisa destaca que, em relação ao futuro, os CEOs terão como prioridades nos próximos três anos a integração da IA em plataformas tecnológicas (90%) e em processos de negócios e fluxos de trabalho (82%). Trata-se de uma priorização elevada na comparação com a média do país, de 69% e 56%, respectivamente. No entanto, um percentual menos de lideranças planeja usar a IA generativa para desenvolver novos produtos e serviços, ou reformular a estratégia do core business.

Ainda, 82% dos CEOs do setor planejam investir na integração da IA para aprimorar estratégias relacionadas à força de trabalho e ao desenvolvimento de competências.

IA na base da confiança

Esses e demais resultados da pesquisa CEO Survey apontam que a confiança – seja dos consumidores ou das lideranças no mercado e na tecnologia – é um fator essencial para a reinvenção dos negócios do setor de consumo e varejo. 51% dos CEOs da indústria demonstram confiança em integrar IA aos processos essenciais da empresa. E não só: CEOs que confiam na IA relatam maiores ganhos com a IA generativa nos últimos 12 meses e possuem expectativas mais altas para o próximo ano.

Ainda, a pesquisa “Voz do Consumidor 2024”, da PwC, revela que 62% dos consumidores brasileiros confiam na IA para tarefas simples. No entanto, estão menos confiantes em relação ao uso para serviços pessoais e delicados, como assistência à saúde (23%).

“A pesquisa revela que o consumidor brasileiro aceita bem trabalhar com IA para tarefas simples, considera a tecnologia benéfica. É o caso de atividades de marketing, supply chain e questões ligadas a resíduos”, afirma Luciana. “A IA vem atuar ainda mais em conexão com a indústria para que os negócios possam atuar com ainda mais eficiência”.

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