83% dos consumidores que atrasaram contas em dezembro são reincidentes, aponta CNDL/SPC Brasil

Dinheiro

Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que a reincidência na inadimplência continua sendo um desafio significativo no Brasil. Em dezembro de 2024, 83,09% dos consumidores que tiveram seus nomes negativados já haviam aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses. Apesar de uma queda de -13,82% no número de reincidentes em comparação com o ano anterior, o cenário ainda preocupa especialistas.

Dentre os reincidentes, a maioria (59,01%) ainda não havia quitado dívidas antigas até dezembro, enquanto 24,07% haviam saído do cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses, mas retornaram. Apenas 16,91% não tinham histórico de restrições no CPF no período analisado.

O tempo médio para que um consumidor volte a atrasar contas após o primeiro registro de inadimplência é de 2,6 meses, segundo o indicador. Esse dado sugere que muitos brasileiros enfrentam dificuldades para manter as finanças em ordem após uma primeira negativação.

Impacto do endividamento e alertas para 2025

Apesar da queda no número de reincidentes, o endividamento e a inadimplência seguem altos no país. O presidente da CNDL, José César da Costa, alerta para os riscos em 2025, especialmente com a previsão de aumento dos juros. “O consumidor precisa ter cuidado com os gastos, os acordos fechados para sair da inadimplência e o tipo de crédito que contrata. Caso contrário, o orçamento pode ser comprimido pelos juros, gerando um efeito bola de neve”, afirma.

Quem são os reincidentes?

A análise por faixa etária mostra que os consumidores entre 30 e 39 anos representam a maior parcela de reincidentes (24,54%). Em relação ao gênero, a distribuição é equilibrada: 52,90% são mulheres e 47,10%, homens.

Recuperação de crédito em queda

O indicador de recuperação de crédito também trouxe dados preocupantes. Nos 12 meses encerrados em dezembro de 2024, houve uma queda de -7,30% no número de consumidores que conseguiram quitar suas dívidas e sair das listas de negativados. A redução foi mais expressiva entre aqueles que levaram de 91 dias a 1 ano para pagar suas dívidas, com uma queda de -17,28%.

Perfil dos que recuperaram o crédito

Entre os consumidores que conseguiram quitar suas dívidas, a faixa etária com maior representatividade foi a de 50 a 64 anos (22,46%). A distribuição por gênero também se manteve equilibrada: 50,61% mulheres e 49,39% homens.

Conclusão: desafios e recomendações

Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas e iniciativas privadas que ajudem os consumidores a saírem do ciclo de inadimplência. Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil, destaca a importância de uma organização financeira prévia antes de negociar dívidas. “Comprometer o pagamento das contas básicas pode inviabilizar o cumprimento dos acordos, piorando ainda mais a situação do consumidor”, alerta.

Enquanto o país busca soluções para reduzir a inadimplência, que atinge 41,51% da população adulta, os consumidores são aconselhados a buscar orientação financeira, evitar créditos desnecessários e priorizar o pagamento de dívidas para não cair no ciclo da reincidência.

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