São Paulo: 471 anos de história sob o olhar de diferentes gerações

Ao longo desta semana, o Jornal Novabrasil apresentou a série especial “Geração SP”, em comemoração aos 471 anos da cidade de São Paulo. Produzida pela equipe de jornalismo da Novabrasil em São Paulo, a série explorou como cinco diferentes gerações enxergam e vivem essa metópole, uma das maiores do mundo.

Abaixo, você pode conferir um resumo de cada episódio. e também pode dar o play no vídeo e ouvir toda a produção que deu vida a essa celebração. Mergulhe na história de São Paulo sob diferentes perspectivas e sinta o impacto dessa cidade que nunca para.

A São Paulo dos Baby Boomers

O primeiro episódio da série trouxe a visão dos Baby Boomers, nascidos entre 1946 e 1964. Essa geração testemunhou uma São Paulo menos verticalizada, com ruas que ainda acolhiam bondes e uma população em ritmo desacelerado.

O aposentado Arlindo Paes lembra do charme dos bondes, e que o clima em São Paulo “era algo romântico, os bondes circulavam devagarinho e a gente podia contemplar a paisagem urbana”. Outro personagem da série, o jornalista Geraldo Nunes também recorda suas viagens com a mãe e diz que “gostava muito de andar de bonde porque podia contemplar as lojas do Brás. Era tudo muito diferente”.

Já o taxista Sidnei Mendes Albuquerque se recorda das transformações econômicas da época: “Tinha muita metalúrgica e indústria automobilística. Hoje, os jovens começam a trabalhar em escritórios, é bem diferente”.

Ele também fala sobre o cotidiano: “Os ônibus eram bem antigos, e o Mappin era uma referência para todos nós”. Sem dúvidas, todo paulistano com mais de 40 anos se lembra muito bem o quanto a loja citada por Sidney foi importante para a cidade e faz parte da memória afetiva de muitos.

Entre os anos 1940 e 1960, a cidade crescia rapidamente, impulsionada pela industrialização. Esse boom econômico trouxe também grandes transformações urbanas. Geraldo destaca um dos episódios marcantes da época, “quando foi inaugurado o Minhocão houve um congestionamento enorme porque todo mundo queria passar de carro sobre o viaduto no dia da inauguração”. Essas grandes obras abriam expectativas para o futuro e simbolizavam a modernização da cidade.

Os Baby Boomers também viram o início da verticalização de São Paulo, que, até os anos 1970, ainda ocorria de forma desordenada. “O Edifício Sampaio Moreira foi o primeiro arranha-céu da cidade, inaugurado em 1924, com apenas 12 andares. Depois veio o Martinelli. Até 1972, com a Lei de Zoneamento Urbano, São Paulo cresceu sem planejamento”, explica Geraldo. “É por isso que a cidade está desse jeito também”, conclui.

A São Paulo da geração Baby Boomers era uma cidade de transformações, mas também de nostalgia. Era um tempo em que o crescimento parecia ilimitado, mas também carente de planejamento. Os relatos dessa geração ajudam a compreender como a capital paulista chegou ao que é hoje, mantendo seu dinamismo e suas contradições.

A Geração X e o Centro que se perdeu

Os nascidos entre as décadas de 1960 e 1980, mais precisamente entre 1965 e 1980, formam a Geração X, tema do segundo episódio da série Geração SP. Essa geração foi marcada pela urbanização acelerada e pelo auge do centro de São Paulo como ponto de convivência.

“Na minha adolescência, os passeios eram pela Avenida Paulista, cinemas e o Playcenter. Fazíamos compras na Rua Direita, porque não tinha tantos shoppings”, relembra o jornalista André Dusicska.

Ana Pellicer, atriz e locutora da Novabrasil, fala sobre a infância nas ruas da periferia. Em suas memórias carrega “o carro do peixeiro, uma perua vendendo guloseimas e um alto-falante gritando ‘olha o bolacheiro’. Era como um parque de diversões”.

Essas memórias trazem à tona uma São Paulo onde as ruas eram espaço de convivência e brincadeiras, algo que contrasta com a realidade mais urbanizada e fragmentada da cidade atual.

Além disso, os paulistanos da Geração X viveram a transição do modelo industrial para uma São Paulo de serviços e cultura. O professor e historiador Marcos Horácio explica que “nos anos 1980, São Paulo deixou de ser uma cidade puramente industrial e se tornou um polo de serviços, com espaços culturais e casas noturnas”. Essa transformação impactou diretamente o cotidiano e os hábitos dos moradores, marcando o início de uma nova dinâmica urbana.

O centro de São Paulo, que por muito tempo foi o principal ponto de encontro da cidade, começou a perder espaço para novas áreas de desenvolvimento e lazer. “Hoje, as pessoas estão cada vez mais distantes, até mesmo umas das outras. Aquele contato próximo que tínhamos está se perdendo”, relembra André com nostalgia.

Essa fragmentação da cidade, tanto física quanto social, foi uma das marcas vividas pela Geração X. Embora tenham aproveitado a cidade de maneira mais leve e segura, essa geração também viu as primeiras manifestações dos problemas que ainda impactam São Paulo hoje, como a degradação do centro e a expansão desordenada para as periferias. 

Apesar disso, os relatos destacam a riqueza de experiências dessa época, marcada por uma cidade que, embora já grande, ainda preservava uma sensação de proximidade entre seus habitantes.

Millennials: conectando-se à cidade

O terceiro episódio retratou a Geração Y, ou Millennials, nascidos entre as décadas de 1980 e 1990. Eles vivenciaram a chegada do computador e da internet, moldando a forma como experimentam São Paulo.

Flávia Duarte, publicitária, destaca as barreiras tecnológicas da época: “Eu só fui ter computador quando comecei a trabalhar. Na escola, ia para bibliotecas”. Para Fernando de Jesus, coletor, a infância foi marcada por ícones nacionais: “Todo domingo a gente acordava cedo para assistir Ayrton Senna”.

Sobre as transformações urbanas, Flávia conta: “Quando comecei a trabalhar na Paulista e saí do meu bairro, foi como sair de uma bolha. Era como quem vem do interior e conhece a cidade grande”.

Geração Z: a juventude digital

No quarto episódio, os nascidos entre 1997 e 2012 refletem sobre a relação entre o mundo digital e a cidade de São Paulo. A cinegrafista Sarah Celes alerta sobre o impacto da tecnologia: “Vivemos dentro de uma caixa, só olhamos para o que nos interessa e deixamos de perceber o que está ao redor”.

Júlia Lazarini, estudante de biomedicina, lamenta a falta de interação: “Na escola, tinha amigos do lado que preferiam conversar pelo telefone”. Já o estudante Guilherme Oliveira observa os efeitos psicológicos: “As redes sociais causam ansiedade e depressão. Nossa geração desaprendeu a conviver com o tédio”.

Apesar dos desafios, há esperança. Sarah conclui: “Às vezes, desacelerar é o melhor para sermos mais felizes”.

Geração Alpha: o futuro da cidade

O último episódio da série trouxe as vozes da Geração Alpha, nascida a partir de 2010. As crianças destacaram as características que amam na cidade, como os parques e restaurantes. “Eu gosto muito do zoológico e dos shoppings”, comenta Júlia Gomes.

Lara, aluna da zona sul, já pensa no futuro: “Quero uma cidade com oportunidades e estabilidade de emprego para minha família”. Apesar do entusiasmo, há preocupações. Nayla Carmo, de 25 anos, reforça: “Estamos perdendo espaço verde para as construções. Isso é prejudicial para a saúde mental e física”.

No entanto, para a musicista Helena Cruz, a cidade segue vibrante: “Penso que, em termos de acesso à cultura, São Paulo é incomparável”.

A série “Geração SP” mostrou que, apesar dos desafios e transformações, São Paulo segue sendo uma cidade de oportunidades, contrastes e, acima de tudo, histórias. Cada geração trouxe sua visão e contribuiu para moldar essa metópole que não para de evoluir. Feliz aniversário, São Paulo!

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