COLUNA | Infância jogada no lixo

Em 1990, fiz uma reportagem que abordava casos em que crianças haviam sido vítimas de maus tratos e violência. Fui premiado por esse trabalho, mas o mais importante é que trouxe à tona um assunto pouco abordado diante da realidade. Passados 24 anos, ou quase um quarto de século, percebo que, infelizmente, nada mudou.
Na época, falei de casos de agressões, omissões, negligência e até assassinatos que tiveram crianças como vítimas. Foram muitos os casos e minha intenção com a reportagem era de trazê-los à tona e, quem sabe, desta forma provocar debates e reações.
O tempo me mostrou que surtiu pouco efeito. Novos casos não pararam de acontecer. Por aqui e pelo Brasil afora. Só para citarmos alguns, lembro os da menina Isabella Nardoni e o do menino Bernardo Boldrini, que tiveram grande repercussão pelo país, durante anos.
É claro que o fato de Isabella e Bernardo pertencerem a famílias de classe média contribuiu para uma grande atenção midiática e repercussão na sociedade. O mesmo não é percebido em casos recentes, ocorridos aqui no Rio Grande do Sul. Na sexta-feira da semana passada, dia 9, a menina Kerollyn, de 9 anos, foi encontrada morta dentro de um container, em Guaíba.
Sobre a mãe da menina recaem diversas acusações, como de maus-tratos, negligência, entre outras.  Apesar da pouca idade, a menina era constantemente vista perambulando pelas ruas, como se não tivesse algum responsável zelando por ela.
Mas além dos graves problemas da mãe, foram apontadas, e deverão ser investigadas, possíveis falhas no sistema de proteção à infância. Testemunhas afirmam que denúncias haviam sido feitas ao Conselho Tutelar, mas que devidas medidas não foram adotadas.
Que seja tudo devidamente apurado e os responsáveis (ou dependendo da apuração, “irresponsáveis) sejam devidamente responsabilizados. Inadmissível um caso em que uma criança seja encontrada morta e, além de tudo, em uma lixeira.

 

Renato Dornelles

Adicionar aos favoritos o Link permanente.