Mãe de Kerollyn a menina encontrada morta em Guaíba, confessa ter administrado sedativo à filha

Carla Carolina Abreu Souza, 29 anos, afirmou à polícia que administrou um medicamento sedativo à filha, mas negou envolvimento na morte da criança, contrariando as suspeitas da Polícia Civil. Ela relatou que Kerollyn Souza Ferreira, desapareceu durante a madrugada, e o corpo da menina foi descoberto em um contêiner de lixo na cidade de Guaíba.

Em depoimento à Polícia Civil, no mesmo dia em que o corpo da menina Kerollyn Souza Ferreira, de nove anos, foi encontrado em um contêiner de lixo no bairro Cohab Santa Rita, em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, Carla Carolina Abreu Souza declarou que a filha desapareceu durante a madrugada e admitiu ter dado a ela um sedativo. Carla, de 29 anos, negou que tenha matado a criança, como suspeita a Polícia Civil. Ela foi detida temporariamente no fim de semana.

Durante o depoimento, Carla descreveu os eventos do último dia de vida de Kerollyn. Além de Kerollyn, Carla é mãe de outras três crianças, com idades de 13, cinco e três anos. Segundo seu relato, na quinta-feira (8), ela acordou por volta das 9h e encontrou a filha já desperta. Cerca de duas horas depois, a menina teria ido à casa de uma amiga para tomar banho, retornando em seguida para se preparar para a escola, onde estudava no turno da tarde.

No final da tarde, Kerollyn teria buscado o irmão de cinco anos na escola próxima de casa. Testemunhas afirmam que a menina frequentemente era responsável por levar e buscar o irmão no colégio. Naquela ocasião, Kerollyn recebeu um par de brincos de presente de uma funcionária da escola. Segundo familiares, a menina gostava de acessórios como brincos, pulseiras e anéis.

Carla também afirmou que, naquela noite, Kerollyn foi novamente à casa de uma amiga, apesar de ter sido orientada a não ir, mas voltou logo depois. A família teria jantado marmitas recebidas de um amigo. Entre 21h e 22h, Carla disse que deu à filha meio comprimido de clonazepam, um sedativo que, segundo ela, a menina costumava tomar.

De acordo com Carla, todos foram dormir e, na manhã seguinte, entre 6h30min e 7h, ela acordou para alimentar a filha mais nova e percebeu que Kerollyn não estava em casa. Carla relatou que tomou mais um comprimido do sedativo e voltou a dormir, sendo acordada pelos policiais que bateram à sua porta mais tarde. Naquele momento, o corpo de Kerollyn já havia sido encontrado no contêiner de lixo próximo à residência da família. A polícia acredita que Carla tenha dopado a filha, o que pode ter causado sua morte, e posteriormente depositado o corpo no contêiner.

Carla negou ter agredido Kerollyn, alegando que a menina tinha comportamento agressivo e costumava bater nos irmãos. A Polícia Civil aguarda o resultado da necropsia para determinar a causa da morte, já que não foram encontrados sinais externos de violência no corpo. No entanto, vizinhos e familiares relataram que a menina sofria negligência e maus-tratos por parte da mãe. O pai de Kerollyn, que mora em Santa Catarina, afirmou ter procurado o Conselho Tutelar diversas vezes para denunciar a situação da filha.

Nota do Conselho Tutelar de Guaíba

Desde segunda-feira (12), o Conselho Tutelar de Guaíba não se pronunciou sobre o caso de Kerollyn. No entanto, o órgão emitiu uma nota oficial. Leia na íntegra:

“O Conselho Tutelar de Guaíba vem a público expressar seu mais profundo pesar pelo trágico falecimento de uma criança em nossa comunidade no dia 09/08. Esse é um momento de dor e consternação para todos nós, e estamos solidários com a família enlutada, assim como com toda a comunidade. Entendemos que a morte de uma criança desperta sentimentos intensos e a necessidade de buscar responsáveis.

Acusações infundadas contra o órgão tutelar, desqualifica um trabalho tão importante realizado na proteção absoluta e podem desviar a atenção dos reais fatores que levaram a essa tragédia. O Conselho Tutelar de Guaíba atua de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e com extremo comprometimento em proteger e garantir os direitos das crianças e adolescentes.

Reiteramos nosso compromisso com a transparência, a justiça, buscando sempre avanços e estratégias a ampliação de políticas públicas para garantirmos a prioridade absoluta aos direitos das crianças e adolescentes. Repudiamos veementemente todas as formas de manifestação violenta, agressão, intolerância e ódio, seja nas redes sociais ou em qualquer outro meio.

Neste momento de profunda dor, pedimos que a comunidade se una em solidariedade à família da criança e que aguardemos com serenidade os resultados das investigações para que os verdadeiros responsáveis possam ser identificados e as medidas necessárias sejam tomadas.

O Conselho Tutelar, através de seu Colegiado e Equipe de trabalho, renova seu compromisso com a proteção integral das nossas crianças e adolescentes, sempre atuando com seriedade, ética e dedicação.”

Contraponto

A Defensoria Pública do Estado informou que representou a mãe na audiência de custódia. Cabe à investigada decidir se continuará sendo representada pela instituição. Caso siga com a Defensoria, esta só se manifestará nos autos do processo.

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