Livros para conhecer o escritor Euclides da Cunha

Euclides da Cunha foi um importante escritor e jornalista brasileiro, nascido em Cantagalo, município do Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866.

Hoje, vamos relembrar a trajetória literária e os dois maiores livros do escritor:“Os Sertões” e “À Margem da História”.

Euclides da Cunha estudou na Escola Politécnica e na Escola Militar da Praia Vermelha, tornando-se brevemente um militar. Ingressou no jornal A Província de S. Paulo — hoje O Estado de S. Paulo — enquanto recebia título de primeiro-tenente e bacharel em Matemáticas, Ciências físicas e naturais. 

Em 1897, tornou-se jornalista correspondente de guerra e cobriu alguns dos principais acontecimentos da Guerra de Canudos, conflito dos sertanejos da Bahia liderados pelo religioso Antônio Conselheiro contra o Exército Brasileiro. 

Livros de Euclides da Cunha

Os Sertões (1902)

Os escritos de sua experiência em Canudos renderam a Euclides da Cunha a publicação de “Os Sertões”, considerada uma obra notável do movimento pré-modernista que, além de narrar a guerra, relata a vida e sociedade de um povo negligenciado e esquecido pela metrópole. 

Euclides deixou Canudos quatro dias antes do fim da guerra, não chegando a presenciar o desenlace. Mas conseguiu reunir material para, durante cinco anos, elaborar “Os Sertões: campanha de Canudos”, publicado em 1902 e escrito “nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante”, visto que ele liderava a construção de uma ponte metálica em São José do Rio Pardo, no mesmo período.

A obra é a mais importante de Euclides da Cunha, reconhecida por seu regionalismo e neologismo, típicos do período pré-modernista e influentes nas origens do modernismo. 

O livro divide-se em três partes: na primeira parte, ”A terra”, são considerações técnicas e científicas a respeito do solo, do clima e do espaço geográfico do sertão baiano. A segunda parte, ”O homem”, traz características antropológicas a respeito do sertanejo, com todos os seus conflitos sociais, políticos e psicológicos. A última parte, ”A luta” narra a Guerra de Canudos desde o início. 

Nas três partes, Euclides analisa, respectivamente, as características geológicas, botânicas, zoológicas e hidrográficas da região, a vida, os costumes e a religiosidade sertaneja e, enfim, narra os fatos ocorridos nas quatro expedições enviadas ao arraial liderado por Antônio Conselheiro.

A verossimilhança da obra é marcada pela rica apresentação de características do espaço, tempo, personagens e contexto histórico pelo narrador-observador.

O escritor se tornou internacionalmente conhecido com a publicação de “Os Sertões”, o que o levou a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1903 e para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

A cidade de São José do Rio Pardo, onde o escritor viveu e escreveu seu livro mais importante, celebra anualmente a Semana Euclidiana, entre 9 e 15 de agosto, quando a cidade atrai turistas apresentando-se como “O berço de Os Sertões”.

À Margem da História (1909)

Em agosto de 1904, Euclides da Cunha foi nomeado – pelo Barão do Rio Branco – chefe da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus, na região norte do país, com o objetivo de cooperar para a demarcação de limites entre o Brasil e o Peru, e assessorar a diplomacia dos dois países que beiravam o Rio Purus.

Essa experiência resultou em sua obra póstuma “À Margem da História”, onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta.O escritor partiu de Manaus para as nascentes do rio.

Graças ao cargo, Euclides da Cunha teve uma enorme experiência de campo na região da Amazônia, até então desconhecida para grande parte dos brasileiros. “À Margem da História” reúne uma série de reportagens e artigos menos conhecidos que foram sendo publicados em jornais e revistas na ocasião e acabaram reunidos em formato de livro postumamente. 

No livro, podemos conhecer muito da região e das problemáticas políticas envolvidas (especialmente em relação à discussão das fronteiras com o Peru) sendo um retrato da sua época. Euclides da Cunha esteve na região durante bastante tempo e só regressou para o Rio de Janeiro em 1906, porque contraiu malária. 

A obra é um registro entre o literário e o não literário e fala não só sobre questões políticas, como também sobre a natureza, os habitantes locais, a cultura da região norte do país: “A impressão dominante que tive, e talvez correspondente a uma verdade positiva, é esta: o homem, ali, é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido – quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais vasto e luxuoso salão.”.

Prosseguindo os estudos de limites, escreveu o ensaio “Peru versus Bolívia”, publicado em 1907. Escreveu, também durante esta viagem, o texto “Judas-Ahsverus”, considerado um dos textos mais filosófica e poeticamente aprofundados de sua autoria. Após retornar da Amazônia, Euclides proferiu a conferência “Castro Alves e seu tempo”, prefaciou os livros “Inferno Verde”, de Alberto Rangel, e “Poemas e Canções”, de Vicente de Carvalho.

Morte trágica e legado de Euclides da Cunha

A esposa de Euclides da Cunha, Ana Emília Ribeiro, tornou-se amante de um jovem cadete, Dilermando de Assis, 17 anos mais novo do que ela. Ainda casada com Euclides, com quem teve três filhos, Anna teve dois filhos de Dilermando, um dos quais morreu ainda bebê.

A traição de Anna desencadeou uma tragédia em 1909, quando Euclides entrou armado na casa de Dilermando declarando estar disposto a matar ou morrer. Dilermando reagiu e matou Euclides, mas foi absolvido pela justiça militar. 

Mais tarde Anna casou-se com Dilermando, tornando-se Anna de Assis, e  o casamento durou 15 anos.

O corpo de Euclides da Cunha foi velado na ABL. Sua obra continua relevante no âmbito nacional e é estudada no mundo acadêmico. 

No centenário de sua morte foi realizada em sua cidade natal uma série de exposições do “Projeto 100 Anos Sem Euclides”.

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