Câncer de Léo Batista atinge mais as mulheres após os 60 anos; entenda a doença

Léo Batista, de 92 anos de idade, está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Rios D’Or, na zona oeste do Rio de Janeiro, desde 6 de janeiro, devido ao diagnóstico de um tumor no pâncreas.

De acordo com o boletim médico, divulgado pela instituição na última sexta-feira, 17, o jornalista esportivo deu entrada no hospital com um quadro de desidratação e dor abdominal, porém, o diagnóstico da doença veio logo em seguida.

“Após a realização de exames, foi diagnosticado um tumor no pâncreas. Ele está internado na Unidade de Terapia Intensiva, com o devido acompanhamento clínico para o atual estado de saúde”, dizia o comunicado.

Apesar da doença ser mais comum a partir dos 60 anos, há um aumento de diagnósticos conforme o avanço da idade. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 10.980 casos para cada ano do triênio 2023-2025, sendo 5.690 em mulheres e 5.290 em homens.

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O pâncreas é o órgão responsável por liberar enzimas que atuam na digestão e na produção de hormônios que ajudam a manter o açúcar do sangue controlado. Medindo cerca de 15 cm, ele é composto pelas seguintes partes: cabeça (lado direito), corpo (centro) e cauda (lado esquerdo).

De acordo com João Paulo Fogacci de Farias (CRM: 903167-RJ), oncologista da Oncoclínicas, o termo “câncer de pâncreas” engloba diversos tipos de tumores malignos. “O termo é usado de maneira genérica, contudo, ele se refere ao tipo mais comum da neoplasia – que se origina na parte exócrina do pâncreas – o adenocarcinoma, responsável por 90% dos casos. Já os demais tipos incluem casos mais raros, como os pancreatoblastomas e neuroendócrinos”, explicou.

Fatores de risco

Dentre os riscos associados ao desenvolvimento do câncer de pâncreas, o oncologista alerta quanto ao tabagismo, etilismo, obesidade, histórico familiar/síndromes hereditárias, diabetes mellitus e também a pancreatite crônica.

“No caso da obesidade, que é um marco presente na sociedade atual, a condição possui relação com diversos problemas de saúde, inclusive o câncer de pâncreas. Contudo, é possível reverter esse quadro uma vez que o fator é modificável”, explica. Ou seja, perder 10% do peso já reduz riscos para a saúde, como indica um estudo publicado no Journal of Endocrinological Investigation, realizado pela Universidade de São Paulo.

Estima-se que entre 5% e 10% dos adenocarcinomas de pâncreas sejam de origem hereditária estando frequentemente associados a síndromes genéticas.

Sintomas

Na fase inicial da doença, o câncer de pâncreas não costuma indicar sinais ou sintomas. Mas, segundo João Paulo, conforme ocorre o aumento do tumor e/ou quando há disseminação da neoplasia para outras partes do corpo, iniciam-se os sintomas.

Alguns fatores merecem atenção e a procura de um especialista para a investigação correta, como: fraqueza, perda de peso, falta de apetite, dor abdominal, dor nas costas, urina escura, icterícia (olhos e pele de cor amarela), náuseas, dores nas costas, trombose venosa profunda (identificação de um coágulo sanguíneo, geralmente em uma veia principal) e piora abrupta de um diabetes já antigo.

Diagnóstico

Após a suspeita diagnóstica, a investigação é fundamental para que o início do tratamento ocorra. “Quanto antes o câncer for descoberto, maiores são as chances de cura através do tratamento precoce. Por isso, caso note algo fora do normal, não hesite em procurar um médico”, aconselhou João Fogacci.

Em apenas 10% e 15% dos casos o diagnóstico se dá em estágios iniciais, uma vez que a doença costuma ser assintomática no começo. “Essa questão, infelizmente, recorre frequentemente no descobrimento tardio da neoplasia”, comenta.

O primeiro passo é a realização de um exame físico e também a coleta de dados do paciente, sobre seu histórico familiar e também pessoal. Com isso, ele será submetido a exames complementares, como os laboratoriais (de sangue), de imagem (tomografia computadorizada, ressonância e PET Scan), angiografia (exame de imagem específico para a visualização da relação dos vasos sanguíneos com o tumor) e biópsia.

Tratamento e prevenção

Após a confirmação do câncer de pâncreas, em estágio inicial, o oncologista reforça que tanto a cirurgia, como a quimioterapia, são de igual importância.

“Caso o paciente tenha condições para realizá-las, ambos os procedimentos serão necessários. Nas últimas décadas, a cirurgia oncológica teve um grande avanço através de técnicas minimamente invasivas, o que leva a recuperação e reabilitação mais rápida do paciente. A cirurgia robótica em câncer de pâncreas é promissora, porém, estudos estão em andamento para comprovar sua segurança”, explicou.

Uma tendência atual nos casos de doença localizada no pâncreas (apenas estágio inicial) é de realizar a quimioterapia antes da cirurgia. “Estudos mostram que até 50% dos pacientes podem não se recuperar a tempo após a cirurgia de pâncreas para iniciar o tratamento quimioterápico. Além disso, a inversão da ordem pode promover melhores resultados no controle da doença, pois, consequentemente, pode reduzir o tumor e posteriormente facilitar sua remoção”.

Contudo, entre 70% e 80% dos casos ainda são diagnosticados em estágio avançado e inoperável, reduzindo muito a probabilidade de cura através dos tratamentos ainda é baixa. Em casos como esse, o objetivo é oferecer o maior conforto possível ao paciente, além dos cuidados paliativos para a diminuição dos sintomas.

Como forma de prevenir o risco do desenvolvimento do câncer pancreático, o oncologista cita cuidados importantes para serem colocados em prática. “Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, praticar atividades físicas regularmente, ter uma dieta equilibrada rica em frutas, vegetais e grãos integrais, manter um peso saudável e parar de fumar são pontos fundamentais para adotar na rotina. Ficar atento ao histórico familiar e na dúvida buscar orientação médica especializada”.

O futuro

Apesar de ser considerado uma doença grave e com diversos impactos físicos e psicológicos para os pacientes, o cenário tem sido modificado e cada vez mais otimista quanto aos avanços tecnológicos e estudos na área.

“A reversão da alta letalidade do câncer de pâncreas é uma questão de tempo, pois o panorama geral é de bastante esperança. Até 2010, por exemplo, pouco se sabia sobre o comportamento da neoplasia e, com o passar dos anos, avanços como classificações moleculares criadas pioneiramente por Colisson et al seguido por Moffit et al lançaram uma luz, principalmente para dois subtipos moleculares de adenocarcinoma, o clássico e o basal, este último mais agressivo menos responsivo a terapias convencionais. O esforço internacional para a personalização de terapias é enorme e logo poderão ser colocadas em prática para diminuir a letalidade do câncer de pâncreas”, finalizou o profissional.

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