25 mulheres que transformaram a arte no Brasil

A história da arte brasileira não seria a mesma sem as contribuições das mulheres. Apesar de enfrentarem preconceitos de gênero e barreiras no mercado, elas redefiniram os caminhos da criatividade no Brasil. Este texto celebra 25 artistas que, por meio de suas obras, revolucionaram a cena artística nacional e internacional.

1. As pioneiras – desbravando caminhos

Instagram | Reprodução – Tarsila do Amaral, Abaporu, 1028.
  1. Tarsila do Amaral: Pintora e desenhista ícone do modernismo, criadora de “Abaporu” e obras que exaltam a brasilidade. Sua obra tem influência de vanguardas europeias, como o cubismo, mas tem estilo próprio, com temas e cores tipicamente brasileiros.
  2. Anita Malfatti: Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. Uma das mais relevantes artistas brasileiras, teve papel determinante na introdução da estética modernista no país.
  3. Maria Martins: Escultora surrealista reconhecida mundialmente por suas obras que abordam erotismo e brasilidade. Também era desenhista, gravadora, escritora e um importante nome na história da arte moderna.
  4. Djanira da Motta e Silva: Representou o cotidiano, a religiosidade, diversidade, paisagens e tradições populares brasileiras em suas pinturas. Foi pintora, desenhista, cartazista, gravadora e um nome importante do modernismo brasileiro.
  5. Georgina de Albuquerque: Pioneira em dar protagonismo à figura feminina em sua arte. Pintora e professora, foi uma das principais mulheres brasileiras a se firmar como artista no começo do século 20.

2. Vozes do feminismo e resistência

Instagram | Reprodução – Adriana Varejão, Azulejão, 2024
  1. Lygia Clark: Desafiava as convenções do modernismo e buscava a interação do público com suas obras. Revolucionou a arte ao criar experiências sensoriais e interativas, uma conexão entre arte e vida. Sua trajetória inclui também a transição para a arquitetura e a arteterapia, para promover o bem-estar e a cura por meio da arte.
  2. Lygia Pape: Uma das figuras centrais do movimento neoconcreto. Em meio a pinturas, esculturas e instalações, estava sempre em busca por novas formas de interação entre arte e espectador. Pape explorou a relação entre espaço, luz e movimento, criando experiências sensoriais que desafiam as fronteiras tradicionais da arte.
  3. Adriana Varejão: Artista plástica contemporânea, conhecida por suas obras que exploram temas como colonialismo, identidade e a intersecção entre culturas. Seu trabalho é caracterizado pelo uso de azulejos, referências à cultura brasileira e elementos viscerais.
  4. Regina Vater: Abordou temas ambientais e feministas em trabalhos que vão da fotografia à instalação. É conhecida por sua abordagem multimídia, especialmente nos anos 60 e 70. Suas obras frequentemente exploram temas como a relação entre o ser humano e a natureza, além de influências das cosmologias africanas e indígenas. A artista também é reconhecida por sua produção diversificada que inclui instalações, fotografias e vídeos.

3. Arte contemporânea e novas narrativas

Instagram | Reprodução – Berna Reale, A Sombra do Sol
  1. Rosana Paulino: seu trabalho aborda temas como racismo institucional e a memória da escravidão no Brasil. A artista é reconhecida por sua produção que explora questões afrodiaspóricas e foi premiada com a primeira edição do Prêmio Munch em Oslo, destacando sua contribuição significativa para o debate artístico sobre gênero e raça. Produziu obras e instalações que refletem sua visão crítica sobre a colonização e a relação entre natureza e cultura.
  2. Berna Reale: A artista Berna Reale, que também é perita criminal em Belém do Pará, combina suas duas profissões em sua arte, com temas de violência e a condição humana. Sua performance “Quando todos calam”, onde se deitou nua com carne crua em seu corpo no mercado Ver-O-Peso, exemplifica sua abordagem impactante e direta. Berna utiliza elementos rústicos e mórbidos em suas obras para discutir como a violência é naturalizada na sociedade.
  3. Anna Bella Geiger: Aos 91 anos, continua a ter um ritmo intenso de produção artística. Reconhecida como uma das pioneiras da arte contemporânea brasileira, Geiger tem se destacado por sua abordagem inovadora que combina diferentes mídias, incluindo pintura, fotografia e vídeo. Sua obra frequentemente aborda questões de identidade e memória, e ela mantém um compromisso ativo com a arte, desafiando as expectativas sobre a idade e a criatividade.
  4. Claudia Andujar: Fotógrafa nascida na Suíça, dedicou sua vida à defesa dos Yanomami, povo indígena do Brasil. Em 1971, ao documentar a etnia em uma reportagem, se tornou uma importante defensora de seus direitos, em um período crítico quando comunidades estavam sendo dizimadas pela invasão de garimpeiros e a construção de estradas.

    Seu trabalho trouxe visibilidade para os Yanomami e ajudou na luta pela demarcação de suas terras, culminando na criação da reserva indígena em 1992. Claudia viveu longas temporadas com os Yanomami e se envolveu ativamente em suas lutas por saúde e reconhecimento.

  1. Vera Chaves Barcellos: Vera se destacou por sua abordagem experimental e conceitual, explorando a interseção entre gravura, fotografia e instalação. Também é conhecida por suas obras que discutem a linguagem fotográfica e suas limitações, utilizando técnicas variadas como serigrafia e manipulação de imagens.

4. Arte fora do eixo

Instagram | Reprodução – Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá (2024) – Direção de Sueli Maxakali
  1. Sueli Maxakali: Cineasta indígena premiada na 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes pelo filme “Yãmiyhex – As mulheres-espírito”. Moradora da Aldeia Verde, em Minas Gerais, Sueli destaca a importância de indígenas contarem suas próprias histórias, o que fortalece a cultura e proporciona mais visibilidade sobre suas vidas e costumes.

    Para ela, o cinema é uma forma de traduzir a sabedoria do seu povo, uma oportunidade para discutir questões indígenas e apresentar suas produções ao público.

  2. Dalila Teles Veras: escritora, editora e ativista cultural luso-brasileira nascida em Portugal e radicada no Brasil desde a infância. Tem mais de duas dezenas de obras publicadas, incluindo poesia, crônicas e ensaios.
  3. Gisele Beiguelman:
    Reconhecida como pioneira no uso da internet para intervenções artísticas, explora a formação do mundo virtual e suas implicações na vida cotidiana. Seu mais recente livro, “Políticas da imagem: Vigilância e resistência na dadosfera” (2021), analisa como as imagens mediadoras influenciam a sociedade contemporânea, que se torna cada vez mais automatizada.

    Atualmente, Beiguelman desenvolve o projeto “Botannica Tirannica”, que investiga preconceitos refletidos nos nomes científicos das plantas.

  4. Lenora de Barros: Artista plástica e poeta paulistana explora o tempo e suas transformações, com fotografias, vídeos e instalações sonoras. Começou sua carreira artística na década de 1970, mesclando visual e verbal em suas obras. Sua abordagem reflete questões femininas e uma busca por identidade.

5. Novas Gerações – O Futuro da Arte Brasileira

Instagram | Reprodução – Aline Motta, (OUTROS) FUNDAMENTOS
  1. Igi Lola Ayedun: multiartista e a primeira galerista negra do Brasil, reconhecida por sua atuação na inclusão de artistas racializados no mercado de arte. Com 34 anos, fundou a House of Ayedun (HOA), a primeira galeria de arte “black owned” do país, dedicada a representar artistas de grupos marginalizados.

    Ayedun desafia estruturas tradicionais e promove uma arte decolonial, com destaque para vozes das diásporas africanas, indígenas e asiáticas. Além de seu papel como curadora, desenvolve um trabalho autoral que incorpora tecnologias ancestrais e soluções naturais em suas obras.

  1. Aline Motta: Sua obra abrange desenho, escrita, performance, fotografia e vídeo. A história de sua família serve como um estudo sobre a formação social brasileira, com temas como apagamentos, violências e resistências. Seus vídeos apresentam narrativas fragmentadas que conectam passado e presente, explorando questões de gênero, raça e classe.

    Motta também incorpora elementos das cosmologias Congo-Angola em seu trabalho, refletindo sobre a preservação da memória e as relações entre violências estruturais e apagamentos históricos.

  1. Panmela Castro: Artista e ativista brasileira, reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho no grafite sob o pseudônimo Anarkia Boladona. Começou a se expressar artisticamente após vivenciar violência doméstica, que moldou sua abordagem política e social nas artes. Aborda temas como a violência contra a mulher e a igualdade de gênero, frequentemente incorporando elementos autobiográficos em suas obras.
  2. Mag Magrela: Mag Magrela, uma artista paulistana autodidata, começou a grafitar em 2007, transformando as ruas de São Paulo com suas obras que retratam mulheres de expressões intensas e melancólicas. Suas pinturas buscam refletir as lutas e a realidade das mulheres, questionando a sociedade. Defende a importância da representação feminina na arte urbana e acredita que a autenticidade e a espontaneidade nas criações podem provocar mudanças significativas no mundo ao redor.
  3. Luiza Baldan: artista visual brasileira, doutora e mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ, pesquisa sobre as interações entre o homem, a arquitetura e a memória urbana, utilizando a imersão em ambientes como parte essencial de seu trabalho.
  4. Janaina Tschäpe: nascida na Alemanha, é uma artista visual que cresceu em São Paulo, Brasil. É conhecida por sua prática multidisciplinar que abrange pintura, desenho, fotografia e vídeo, frequentemente explorando temas relacionados à natureza, memória e a relação entre o corpo e o ambiente. Suas obras são caracterizadas por uma estética orgânica e fluida, que reflete a dinâmica da vida natural.
  5. Sonia Gomes: artista plástica mineira que começou sua carreira artística aos 65 anos, após abandonar a profissão de advogada. Nascida em Caetanópolis, Minas Gerais, em uma família de raízes diversas, sua obra reflete a memória e a cultura afro-brasileira, utilizando materiais têxteis e objetos pessoais que lhe são doados.

Gomes busca ressignificar esses itens, transformando-os em obras que expressam experiências e histórias coletivas. Explora temas de pertencimento e ancestralidade, enquanto desafia preconceitos raciais por meio de sua arte.

Essas 25 artistas representam a diversidade e a força criativa da arte de mulheres brasileiras. De pioneiras modernistas a novas gerações que utilizam tecnologia e ativismo, ampliaram os horizontes da cultura no Brasil e no mundo.

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