REVIEW – Após festa de réveillon intensa, Guy J elege o Surreal Park como um dos seus lugares favoritos no mundo para tocar. 

Uma virada mágica. Essa foi a proposta que o Surreal Park apresentou para 31/12/2024, quando confirmou o retorno pela terceira vez do Israelense Guy J como headliner máximo dentre as quatro pistas abertas na noite. Sua volta pode ser vista como uma espécie de reencontro com a Nomad Stage, após um show na Bells na metade de 2024 em pleno inverno. 

Fazer frente a um set incrível como foi em 2023 não é simples, para um artista que vive o auge da carreira, cada apresentação representa superar expectativas que já são muito altas. E o desafio para o ‘’baixinho’’ é maior ainda, pois ele escolheu um caminho sonoro muito particular e de muita coragem, confiando em sua própria capacidade de gerar músicas novas todos os meses, que servem não para alimentar a sua extraordinária discografia, mas para ser combustível de seus sets imponentes. 

Desafiar a expectativa de tocar sons que o público conhece e quer ouvir é uma armadilha que eu já havia mencionado no outro review. E se um dia Guy J fizesse um set sem tracks do momento ou clássicos mais famosos¿ Como o público iria reagir? Bem, pois foi exatamente isso que ele resolveu fazer para essa apresentação. Não tocar ‘’Just Rain’’ (já havia tocado em junho), não tocar ‘’Karma’’, não tocar clássicos mais conhecidos do passado e sim, trazer uma gama de sons novos. Sair da singularidade musical para uma estética sonora, esse é o verdadeiro caminho para uma carreira longeva, e Guy J sabe disso. 

Cheguei por volta das 02h no Surreal, o clube estava cheio, com pessoas ainda comemorando a passagem de um novo ciclo do calendário. Um clima agradável e todas as pistas com público. Fui para a Nomad onde estava se apresentando o argentino Teclas. Com muita experiencia, ele comandou a pista com destreza, atravessando momentos mais contidos, para outros animados. Era horário para por a pista para dançar, não havia porquê não. Um dos pontos altos de seu set foi com a linda faixa ‘’I love You’’ de Billie Eilish (Licha Ignacio Unofficial Remix), sendo uma mensagem de ano novo que encaixou perfeitamente. 

Eu estava esperando Guy J chegar, quando olho meu instagram, ele havia mandado mensagem, ‘’Jon, onde está? estou atrás do palco vendo o Phonique tocar’’. Corri para a pista Raw Room e lá estava ele, curtindo o set bem tranquilo. Guy é um ser adorável, sensível e que aprendeu a lidar muito bem com as expectativas que as pessoas criaram sobre ele e o endeusamento por sua música sem igual. Imagine que você tem suas tracks atualmente sendo tocadas por Sasha, John Digweed, Hernan e Sven Vath, não que seja novidade para ele, mas Just Rain e Karma conseguiram alcançar isso depois de muitos e muitos anos de carreira, sinal de que a sua evolução como produtor ainda que diferente, consegue agradar os mais exigentes seletores do mundo. 

Guy J inicia seu set resetando a pista, e para minha surpresa, começa com seu novo edit de uma das faixas mais bonitas de toda história na dance music em minha opinião. ‘’Reflekt Feat. Delline Bass – ‘’Need To Feel Loved’’. Sua releitura é bem deep, sem perder o lado emotivo. Uma faixa que eu imaginei que tocaria pela manhã, iniciar com ela foi extraordinário. Se criou uma sensação emotiva em todos, e uma tremenda vontade de colocar para fora diversos sentimentos esquecidos ou guardados, clima de ano novo, certo?

Depois da terceira faixa, ele começa a acelerar a pista e logo surge a track ‘’Holosteric’’ do brasileiro Tonaco, um talento extraordinário, que conseguiu entrar no set do ‘’baixinho’’, algo que poucos conseguiram até hoje. 

‘’Skywalker’’ de 2018, vem para nos lembrar de quão vasta e incrível é sua discografia, ainda soando muito atuais. 

O que dizer então dele tocando um edit (provavelmente seu) da clássica FlashDance do Deep Dish. Que presente, que vocal icônico.

Seu set se manteve forte até o dia amanhecer, a pista estava com luzes ora vermelhas ora coloridas e a cada mixagem era um gol em final de copa. Os fãs mais fervorosos não largaram a grade frontal, pulando, gritando e com as mãos para cima deixavam Guy J confortável, feliz e volta e meia, virava para nos abraçar e tomar mais um shot de tequila. 

Um excelente destaque vai para a faixa ‘’Love made me do it’’ do Moshic (Guy J remix). Com um vocal em mantra que deixa qualquer pista hipnotizada. 

Surge o vocal da clássica ‘’Active Child’’  de Johnny Belinda (Guy J remix). Que letra linda, uma daquelas faixas que merecia ser relembrada muito mais do que é.

Outra faixa que me chamou muito atenção por sua construção linda e distinta é ‘’Try’’ de Dyzen (Mano Le Tough Remix)! Que track, que momento. 

Para fechar, as 08h, uma versão própria de ‘’Underwater’’ do Rufus Du Sol, deixando as meninas cheias de lagrimas nos olhos e todos extasiados com o primeiro amanhecer de 2025. 

Guy J segue como uma força da natureza, incomparável musicalmente, cada vez mais seguro do que faz na pista de dança, sempre esbanjando habilidade com 4 canais abertos, transições sem perder energia e escolhendo momentos certos de misturar melodias com faixas mais explosivas. 

A festa poderia ter seguido por mais 2 horas tranquilamente, o público estava on fire, porém, acabou de forma que seu retorno é iminente e quem sabe, trazendo outros nomes de sua esfera de influência. 

Por Jonas Fachi

Fotos por Victor Vargas e Eudig Zanon

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