Brasileiros são alvo de ataques violentos na Irlanda 

Os casos de violência contra brasileiros que vivem na Europa aumentaram significativamente na última década. Os relatos mais recentes chegam da Irlanda, onde um grupo específico tem realizado ataques violentos contra imigrantes.  

Alexandre Athos, de 23 anos, vive na Irlanda há dois anos e meio, foi mais uma vítima da onda de agressões contra brasileiros no país: “O pessoal desceu do carro, me perseguiu por mais de 2 quilômetros e eles bateram na traseira da minha moto, derrubaram a minha moto”, relatou.

O alvo parece ser sempre o mesmo: os entregadores. 

O ataque contra Alexandre aconteceu enquanto trabalhava na noite de halloween: “Quando eu saí da casa do cliente, estava passando por uma rua e tinha um carro bem devagarzinho. Quando fui desviar, a porta traseira abriu e um rapaz pulou na minha direção. Ele ta usando uma máscara, uma bandana para tapar parte do rosto. Eu assustei, pensei que poderia ser uma tentativa de assalto e acelerei, fugi com a moto. Eles estavam num carro grande, um SUV. Eles me perseguiram”, reviveu o brasileiro. 

O carro conseguiu alcançá-lo e o derrubou: “Eles voltaram com o carro e me atropelaram. Minha perna ficou entre a minha moto que estava deitada no chão e o carro. Acabei quebrando dois ossos da perna e fiquei com fratura exposta. E eles fugiram depois disso. Essa cena, na verdade, não consigo me lembrar até hoje, acho que é por causa do trauma mesmo. Só tem borrão de imagem, sabe?”, contou Alexandre.

Depois de passar por uma cirurgia, Alexandre está em recuperação em casa e sem emprego.

No ano passado, segundo reportagens da imprensa europeia, pelo menos 10 brasileiros procuraram apoio da embaixada na Irlanda depois de serem agredidos. 

Entre 2012 até 2022, mais de 1 milhão e 400 mil brasileiros imigraram para a Europa, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores. Na Irlanda, são 58 mil, formando a quinta maior nacionalidade do país.

Na avaliação de Vladimir Feijó, professor de Relações Internacionais da Faculdade Arnaldo Janssen de Belo Horizonte, um dos reflexos dessa violência vêm da ascensão da extrema-direita e do nacionalismo irlandês: “É uma situação peculiar com 12% dos por volta de 5 milhões é de habitantes é do país serem de imigrantes e isso contribui para uma sensação. Geral de perda de identidade, há também uma sensação de desconforto muito grande com a situação econômica tendo que dividir os bens e serviços públicos com esse fluxo de novas pessoas. Tem também a questão habitacional, que no caso da Irlanda, no último ano, economistas indicam que pelo menos 4% eh de elevação no preço de imóveis. Ela é aumentada pelo discurso político, da extrema direita, que eh usa de toda essa sensação geral para propagar com mais facilidade um discurso nacionalista com discurso fácil de culpar os problemas as dificuldades do país no outro”, explicou o professor.

Segundo brasileiros que vivem na Irlanda ouvidos pela nossa reportagem, quem está por trás dos ataques é o grupo “Nackers”. São , na maioria, jovens que vivem do auxílio do governo e têm atitudes violentas contra a população, principalmente imigrantes. 

O clima tenso toma conta de quem vive na capital Dublin. É o caso do brasileiro Wlisses Porto, que trabalha como garçom. Ele vive há 2 anos da Irlanda e diz que tem evitado frequentar certas regiões com medo de se tornar a próxima vítima: “Tenho um amigo meu que foi espancado. Tem um amigo meu que correram atrás dele com uma serra elétrica. Roubo e bicicleta, isso é cotidiano. Quando eles não roubam eles danificam. É algo que eu evito. Se tem um grupo dessas crianças, eu passo para o outro lado da rua”, relatou Wlisses.

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