Cuba liberta 127 prisioneiros, entre eles o líder da oposição José Daniel Ferrer

Um total de 127 prisioneiros foram libertados em Cuba, incluindo o líder da oposição José Daniel Ferrer, como parte de um acordo negociado com a Igreja Católica após a remoção da ilha da lista dos Estados Unidos de países que apoiam o terrorismo.

“Entre quarta e quinta-feira, 127 libertações antecipadas foram concedidas, 121 delas em liberdade condicional e seis em licença extrapenal”, disse Maricela Sosa, vice-presidente do Supremo Tribunal Popular, na quinta-feira.

A “licença extrapenal” é uma autorização de liberdade antecipada concedida pelos tribunais principalmente por motivos de saúde.

Este é o primeiro número oficial divulgado pelas autoridades desde o anúncio, na terça-feira, de um acordo negociado com a ajuda da Igreja Católica para a libertação de 553 prisioneiros.

Na terça-feira, o governo cubano prometeu libertar esses prisioneiros depois que o presidente americano, Joe Biden, anunciou surpreendentemente a remoção da ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo, que inclui Coreia do Norte, Irã e Síria.

– “Está em casa” –

Entre os 127 libertados está José Daniel Ferrer, de 54 anos, que estava no presídio de Mar Verde, na província de Santiago de Cuba (leste).

“Acabamos de chegar com ele. Graças a Deus já está em casa”, disse sua esposa Nelva Ortega à AFP por telefone.

Pouco depois, Ferrer pediu aos cubanos que não tenham “medo de enfrentar” o governo comunista, porque está “cada vez mais assustado” e “mais fraco”, disse ele em declarações à rádio anticastrista Martí Noticias, sediada em Miami.

“Não tenham medo de lutar por uma Cuba livre” ou “trabalhar por um futuro melhor para todos os cubanos, para que não tenhamos que ir a outras terras em busca de liberdade e melhores condições de vida”, acrescentou o opositor.

Declarado “preso de consciência” pela Anistia Internacional em 2021, Ferrer foi preso quando tentava participar das manifestações de 11 de julho de 2021 (11-J), as maiores registradas na ilha desde o triunfo da revolução em 1959.

Um mês depois, um tribunal revogou a pena de liberdade limitada que ele cumpria e ele foi devolvido à prisão para completar a sentença original de quatro anos e seis meses que recebeu em 2020 por acusações de agressão e outros crimes contra outro opositor, o que ele nega.

Os prisioneiros libertados são, em sua maioria, manifestantes que foram presos por terem participado dos protestos de 11 e 12 de julho, conhecidos como 11-J.

Acompanhados por seus familiares, assim como Díaz, outros três presos que cumpriam pena na mesma prisão foram soltos, confirmou a AFP.

As autoridades cubanas não especificaram as datas das libertações nem publicaram uma lista dos prisioneiros que seriam beneficiados. Também não houve nenhuma declaração oficial sobre esse processo.

Segundo dados oficiais, cerca de 500 cubanos foram condenados a até 25 anos de prisão por participarem de protestos que pediam mais liberdade e melhorias econômicas. No entanto, organizações de direitos humanos e a embaixada dos Estados Unidos na ilha estimam esse número em 1.000. Alguns dos condenados já foram soltos após cumprirem suas penas.

Cuba nega a existência de presos políticos e acusa os opositores de serem “mercenários” dos Estados Unidos.

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