Países celebram cessar-fogo em Gaza e pedem fim definitivo da guerra

"PopulaçãoPaíses como Alemanha, Reino Unido e Bélgica defenderam estabilidade na região. Em Gaza e Israel, população foi às ruas para comemorar.O acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas celebrado nesta quarta-feira (15/01) e confirmado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, provocou reações de lideranças de diversos países, que defenderam a estabilidade na região e pediram a correta implementação dos termos acordados.

O texto encerra 15 meses de um conflito que deixou centenas de mortos em Israel e na Faixa de Gaza. Forças israelenses invadiram o território palestino após o ataque terrorista do Hamas a Israel, em 7 de outubro, que matou 1.200 soldados e civis. Já segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 46 mil palestinos morreram desde o início da guerra.

Ao anunciar o fim das negociações, Biden disse que “os combates em Gaza vão se encerrar, e em breve os reféns estarão com suas famílias.”

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, defendeu que a participação de seu enviado especial Steve Witkoff, contribuiu para os termos serem aceitos pelas partes. “Com esse acordo em vigor, minha equipe de Segurança Nacional, por meio dos esforços do enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, continuará a trabalhar em estreita colaboração com Israel e nossos aliados para garantir que Gaza nunca mais se torne um porto seguro para terroristas”, afirmou em publicação em redes sociais.

Ajuda humanitária

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que a ONU está “pronta para apoiar a implementação deste acordo e ampliar a entrega de ajuda humanitária aos inúmeros palestinos que continuam sofrendo”. O texto acordado inclui uma cláusula que permite a entrada diária de 600 caminhões com medicamentos, alimentos e combustíveis no território palestino.

Essa também foi a defesa do presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sisi, que reforçou a importância de a ajuda humanitária chegar o quanto antes em Gaza. O primeiro-ministro do Catar, país que ao lado do Egito mediou as negociações, Mohammed Jassim Al-Thani, pediu que a população de Gaza tenha calma entre esta quarta-feira e o dia 19 de janeiro, quando o acordo deve começar a ter efeito.

Solução de dois Estados

Em Ancara, capital da Turquia, o ministro de Relações Exteriores do país, Hakan Fidan, afirmou que o acordo é um importante passo para a estabilidade da região, que foi pressionada pela possibilidade de uma “guerra total” após a escalada do conflito.

Segundo ele, a Turquia vai continuar a defender uma solução de dois Estados para a disputa entre israelenses e palestinos. O modelo sugere o reconhecimento da palestina como um Estado soberano, o que daria poder ao país de participar de fóruns multilaterais, por exemplo. A estratégia é rechaçada há décadas por Israel.

A constituição de um Estado palestino também foi defendida pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. “Nossa atenção deve se voltar para a forma como garantimos um futuro permanentemente melhor para os povos israelense e palestino – fundamentado em uma solução de dois Estados que garantirá segurança e estabilidade para Israel, juntamente com um Estado palestino soberano e viável.”

Implementação

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou que as duas partes devem cumprir seus termos do acordo. “Isso traz esperança para uma região inteira, onde as pessoas têm passado por imenso sofrimento por muito tempo”, disse.

A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, também afirmou que “todos que têm responsabilidade [no acordo] devem agora garantir que essa oportunidade seja aproveitada”.

Catar, Egito e Estados Unidos ficarão responsáveis por supervisionar os esforços de Israel e Hamas para implementar os termos do acordo, que incluem a retirada total das tropas israelenses de Gaza e a troca de reféns e prisioneiros.

Alexander de Croo, primeiro-ministro da Bélgica, colocou o país à disposição para ajudar nos esforços de manter a paz na região.

População comemora acordo

Em Israel, pessoas foram às ruas para comemorar o acordo e pressionar pelo retorno dos reféns. O Fórum de Famílias de Reféns, que representa parentes de reféns israelenses mantidos em Gaza, recebeu “com alegria e alívio esmagadores” a notícia do cessar-fogo.

“Esperamos ansiosamente por esse momento e agora, depois de 460 dias em que nossos familiares ficaram presos nos túneis do Hamas, estamos mais perto do que nunca de nos reunirmos com nossos entes queridos”, disse o grupo em um comunicado.

Palestinos também tomaram as ruas de cidades como Khan Younis, atingidas pela guerra, para comemorar o possível fim do conflito. “Ninguém pode entender o sentimento que estamos experimentando agora, um sentimento indescritível, indescritível”, disse Mahmoud Wadi, em Deir al-Balah, no centro de Gaza, antes de se juntar a uma multidão que cantava.

gq/bl (Reuters, AFP)

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