Entre o impulso e a “des-infuência”: as tendências de consumo para 2025

Com a evolução rápida da tecnologia e da cultura, bem como a transformação digital, espera-se que os consumidores latino-americanos se tornem ainda mais exigentes. A adoção de tecnologias emergentes, como Realidade Aumentada (AR) e Inteligência Artificial (IA), deve intensificar a busca por experiências de compra imersivas e personalizadas. Além disso, a desconfiança em relação à publicidade tradicional pode levar ao fortalecimento de redes sociais como pontos centrais para o consumo.

Sendo assim, marcas que desejam se destacar precisarão investir em estratégias que combinem autenticidade, personalização e inovação, acompanhando as tendências regionais e as expectativas de uma audiência cada vez mais conectada. Isso foi mostrado em um novo relatório produzido pela Intersect Intelligence.

O estudo revelou dados significativos sobre o comportamento do consumidor na América Latina, destacando o perfil digital dos brasileiros. Segundo o estudo, quase um em cada cinco (18,6%) brasileiros faz compras por impulso pelo menos uma vez por semana, liderando essa estatística entre os seis países pesquisados. Além disso, o Brasil também apresenta a maior preferência pelo consumo online (65,1%) em comparação à média regional de 40,5%.

Nesse cenário, é importante compreender as implicações desses dados e as tendências emergentes no comportamento do consumidor. De acordo com Lívia Gammardella, diretora de Marketing e Digital da Latam Intersect PR, o “impulso e influência” foram características predominantes no perfil do consumidor digital brasileiro em 2024. Essa combinação está intimamente ligada ao poder das redes sociais e à busca por conexões autênticas.

A des-influência e os microinfluenciadores

Uma das tendências abordadas por Lívia é a ascensão da “des-influência”, que reflete o desejo por uma comunicação mais genuína e transparente. Segundo a executiva, a palavra-chave é conexão. Consumidores querem relações mais próximas e reais. O movimento em direção aos microinfluenciadores e ao conteúdo gerado por usuários demonstra que o público valoriza opiniões consideradas autênticas e relevantes. Eles querem ver o que pode ser chamado de “gente como a gente”. “O consumidor digital prioriza relações genuínas e busca se conectar com pessoas que perceba como amigos próximos”, pontua.

Essa tendência não deve ser interpretada como um sinal para abandonar os macroinfluenciadores, mas como um convite para diversificar as abordagens, criando campanhas que dialoguem com a audiência em diferentes momentos e atendam a suas diversas necessidades e expectativas. “Valorizar a conexão humana e a proximidade que ela proporciona será essencial em 2025. A capacidade de estabelecer relações autênticas com o público não apenas fortalece a confiança, mas também cria laços duradouros que fazem a diferença”, acrescenta.

Consumo experiencial e a busca por autenticidade

Outro aspecto destacado foi o consumo experiencial, que tem moldado o comportamento do consumidor no varejo digital. Ou seja, há uma busca maior por experiências de compra mais imersivas, personalizadas e interativas. “Os consumidores estão cada vez mais buscando experiências que os envolvem de forma significativa, como a possibilidade de interagir com as marcas e experimentar produtos de forma virtual, como acontece em plataformas de realidade aumentada e vídeos interativos”, frisa.

Essa tendência é especialmente forte entre as gerações mais jovens, que demandam autenticidade e relevância em suas interações digitais. Em um mercado saturado, onde as marcas competem por atenção a cada clique, destacar-se exige criatividade e personalização. Empresas que investem em experiências memoráveis e interativas estão conseguindo conquistar a lealdade do público.

O papel e o magnetismo das redes sociais

O relatório também revela que o Instagram é a plataforma mais influente para compras por impulso no Brasil, com 40,2% dos entrevistados indicando essa preferência. Entre as mulheres, esse percentual sobe para 50,3%. Por outro lado, o TikTok está redefinindo o consumo online com seu modelo de engajamento dinâmico e fluido, onde os estágios de descoberta, relacionamento e compra se misturam de forma orgânica.

Lívia enfatiza que o sucesso das marcas depende de sua capacidade de adaptar mensagens e formatos a cada plataforma. “O TikTok é ideal para conteúdos mais espontâneos e menos performáticos; o Instagram atrai públicos visuais, focados em imagens e vídeos curtos de alta qualidade; enquanto o Facebook e o YouTube são mais apropriados para conteúdos mais longos, educativos e informativos”, detalha.

Uma das inovações no cenário digital é o crescimento do e-commerce por livestream. Essa modalidade combina interatividade, exclusividade e entretenimento. Ela ainda oferece aos consumidores uma experiência de compra em tempo real e combina o entretenimento com a compra, algo que as abordagens tradicionais de marketing digital não fazem de forma tão integrada.

Além disso, a integração entre Inteligência Artificial e User Generated Content (UGC) promete transformar ainda mais o relacionamento entre consumidores e marcas. Casos como a assistente virtual Lu, do Magalu, exemplificam como a IA pode criar experiências inovadoras e personalizadas. Lívia prevê que influenciadores virtuais e conteúdo criado por usuários continuarão a crescer, ampliando as possibilidades de conexão entre marcas e audiências.

Diferenças entre os países da América Latina

Lívia Gammardella, diretora de Marketing e Digital da Latam Intersect PR.

A comunicação regional na América Latina enfrenta um desafio central: a diversidade de comportamentos de consumo entre os países. Diferenças culturais, linguísticas e sociais demandam abordagens de marketing adaptadas, com campanhas locais que dialoguem diretamente com as particularidades de cada mercado.

Outro obstáculo significativo é a disparidade na conectividade digital entre os seis países analisados. Em nações com alta conectividade, como Argentina, Brasil e Chile, a população rural é proporcionalmente menor, o que facilita o acesso às redes sociais e plataformas online. Já em países como México, Colômbia e Peru, onde há uma presença rural mais expressiva, as taxas de conectividade são impactadas, influenciando o desempenho de plataformas como o TikTok, que pode não alcançar o mesmo sucesso nesses mercados.

“Nesse contexto, a segmentação regional surge como um caminho essencial, abrindo oportunidades para campanhas altamente personalizadas e autênticas, ao mesmo tempo em que apresenta desafios significativos. Cada país da região carrega nuances únicas, e a capacidade de entender essas particularidades é o que separa uma estratégia bem-sucedida de uma abordagem genérica”, comenta Lívia.

Ao mesmo tempo, essa complexidade abre caminho para grandes oportunidades. Uma análise detalhada das especificidades de cada mercado pode levar as marcas a estabelecer conexões mais genuínas e relevantes com seus públicos. Investir em personalização não só ajuda a superar os desafios regionais, como também posiciona estrategicamente as marcas, permitindo que explorem todo o potencial de cada mercado e se destaquem em um cenário cada vez mais competitivo.

O impacto da transformação digital no consumo

O comportamento do consumidor na América Latina promete passar por mudanças profundas nos próximos anos. Elas serão impulsionadas pela rápida evolução tecnológica e cultural. Com a AR, os consumidores poderão experimentar produtos virtualmente antes de adquiri-los, enquanto a IA oferecerá recomendações altamente precisas e interativas, ajustadas às preferências e necessidades individuais.

Outro movimento relevante, segundo Lívia, será a intensificação da integração entre comércio eletrônico e comércio social. Redes sociais como TikTok, Pinterest e Instagram estão se consolidando como bases essenciais no processo de compra, combinando entretenimento e consumo em uma única experiência digital.

Além das inovações tecnológicas, o desejo de eficiência e transparência estará no centro das decisões de consumo. A confiança em influenciadores tradicionais e na publicidade convencional tende a diminuir, enquanto cresce a valorização de opiniões recebidas de amigos, familiares e microinfluenciadores, que se destacam por compartilhar experiências genuínas e honestas.

“As marcas terão que ser mais transparentes em suas práticas, oferecendo uma comunicação clara sobre sustentabilidade, ética e impactos sociais, pois os consumidores estarão cada vez mais atentos aos valores e propósitos das empresas com as quais se relacionam”, finaliza.

*Fotos: Assessoria / Shutterstock.com

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