‘Abin paralela’: Ramagem sugeriu processo administrativo contra funcionários da Receita

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) teria sugerido uma investigação interna na Receita Federal para invalidar as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas. A declaração está na gravação de uma reunião divulgada nesta quinta-feira, 15, entre Ramagem, a defesa de Flávio e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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No encontro, a cúpula discutia meios de invalidar as investigações contra o parlamentar. No fim do encontro, Ramagem sugeriu que a abertura de um procedimento administrativo contra os funcionários responsáveis pelo inquérito seria o melhor caminho.

“Eu acredito que a melhor saída é dentro da Receita [Federal], pegando sério. Com uma apuração que não tem como voltar atrás. É uma apuração administrativa que se travar, judicializa. Tem que ser lá de dentro”, afirma.

“Não pode ser do agente político, ministro da Economia, tem que ser na Receita, mostrando que tem uma notícia para ele, para ele botar para baixo”, completa. O “ele” seria o então chefe da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto.

A fala em questão é usada pela Polícia Federal para acusar Ramagem e os outros investigados de usar a estrutura da Abin para abafar as investigações contra o senador. Na época, Flávio Bolsonaro era investigado por suposta prática de rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Em outro trecho da gravação, a advogada Juliana Bierrenbach sugere uma operação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para averiguar os sistemas de inteligência que atendem à Receita. O então chefe do GSI, general Augusto Heleno, estava presente no encontro.

“Eu acredito, até que se isso aqui vier à tona, a gente vai ser bastante, é atacada, mas francamente, eu não tenho o pouco nem pouco a fazer. O que é que acontece? Eu juntei aqui. Eu fiz um, um pedido, é, general. Especialmente pro GSI. Porquê? É um pedido de averiguação. Dos sistemas de inteligência que atendem à Receita Federal, mas o pedido precisa, a averiguação precisa, feita, feito pelo Serpro”, afirmou Juliana.

A gravação da reunião foi encontrada em um documento de Alexandre Ramagem, em meio às investigações da ‘Abin paralela’. A Polícia Federal acusa a agência de ter montado uma equipe para monitorar ilegalmente opositores de Bolsonaro.

O site IstoÉ entrou em contato com a defesa de Bolsonaro que afirmou não ter analisado o conteúdo do áudio. Já Ramagem negou os crimes e disse ter falado na reunião que a agência não poderia investigar sigilo bancário.

A reportagem tenta contato com outros citados, mas não obteve sucesso até o momento.

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