Dia do Compositor: 15 grandes compositoras da MPB

Hoje, dia 15 de janeiro é o Dia Mundial do Compositor: os profissionais que expressam sua arte por meio de letras e/ou composições musicais. O Brasil é berço de grandes compositores e compositoras, que têm papel vital na nossa cultura. Por isso, nesta matéria, homenageamos algumas de nossas grandes compositoras da MPB.

Sobre o Dia Mundial do Compositor

A data foi criada inicialmente, em 1945, no México, em comemoração à fundação da Sociedade de Autores e Compositores do México (SACM). Porém, a partir de 1983, espalhou-se por outros países.

A nossa imensa gratidão e admiração a todos os compositores e compositoras da nossa música popular brasileira!

15 grandes compositoras da MPB

1- Chiquinha Gonzaga

Nascida em 1847, Chiquinha foi a primeira compositora popular e a primeira pianista de choro do Brasil, além de ser também maestrina e a primeira mulher a reger uma orquestra no país.

Ela é autora da primeira marchinha de carnaval com letra da nossa história: a clássica Ô Abre Alas, escrita em 1899, para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, que passava na frente de sua casa, no bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro.

Chiquinha Gonzaga com seu piano, em 1932 | Foto: Acervo Chiquinha Gonzaga / Instituto Moreira Salles / Sbat.

2- Dona Ivone Lara

A Grande Dama do Samba, Dona Ivone Lara, nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de abril de 1921 e faleceu no dia 16 de abril de 2018, aos 97 anos. Mas o legado que ela deixa para a música brasileira é incomparável. A cantora, compositora e instrumentista é um verdadeiro patrimônio da nossa cultura.

Com 24 anos, Ivone Lara passa a frequentar a Escola de Samba Prazer da Serrinha, onde conhece seus grandes parceiros musicais e logo começa a compor sambas para a escola. Acontece que suas composições eram mostradas pros outros sambistas pelo primo Mestre Fuleiro, como se fossem dele, porque o preconceito vigente na época não aceitava que uma mulher fosse sambista.

Ela só foi reconhecida como compositora de seus sambas e passou a integrar, oficialmente, a Ala de Compositores da uma escola de samba muitos anos depois, em 1965, aos 44 anos, já na Império Serrano, quebrando todas as barreiras impostas pelo machismo, o preconceito e discriminação.

3- Leci Brandão

Cantora, compositora, política e ativista Leci Brandão, um dos mais importantes nomes da música popular brasileira de todos os tempos.

Ela começou a compor aos 19 anos (Leci conta que compõe letra e melodia sem auxílio de nenhum instrumento, apenas usando um gravador) e iniciou oficialmente a carreira musical no início da década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro.

Isso se deu exatamente em 1972, quando a única mulher a integrar a ala de compositores de escolas de samba ainda era Dona Ivone Lara, na Império Serrano, desde 1965.

4- Clementina de Jesus

Clementina de Jesus nasceu em 1901, em um tradicional reduto de jongueiros no sul do Rio de Janeiro, e também era conhecida como Tina ou Quelé. Deixou um grande legado no resgate dos cantos negros tradicionais e na popularização do samba, além de ser vista como um importante elo entre a cultura do Brasil e da África.

Trabalhou como doméstica e lavadeira por mais de 20 anos, até ser vista cantando na Taberna da Glória pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho – em 1963, já com 62 anos – que a levou para participar do projeto de grande sucesso O Menestrel, apresentando-se com o violonista Turíbio Santos.

O estilo de samba de Clementina era o partido-alto, cantado em forma de desafio e de improviso. Em suas canções, imprimia a luta contra a discriminação racial e o machismo, tornando-se uma das maiores referências não apenas do samba, mas da música brasileira como um todo.

Carnaval. Clementina de Jesus desfilando pela Mangueira, escola que adotou após seu casamento com Albino Pé Grande (1969) | Foto: Agência O Globo

5- Rita Lee

Rita Lee é um dos nomes mais importantes da música popular brasileira de todos os tempos, praticamente uma lenda viva da nossa história.

Conhecida como a Rainha do Rock’n Roll Brasileiro (mas preferindo ser chamada de Mãe do Rock Nacional), a cantora, compositora, multi-instrumentista e escritora paulistana está entre os 5 artistas que mais venderam discos na história da música brasileira – já vendeu mais 55 milhões de discos ao longo de mais de 50 anos de carreira – e é uma das mulheres mais influentes do país, conhecida nacional e internacionalmente.

Com mais de 300 composições, Rita Lee é uma das primeiras mulheres roqueiras no Brasil e tornou-se referência para uma centena de artistas que vieram depois dela na MPB.

6- Marina Lima

Uma das maiores cantoras e compositoras da música popular brasileira, que une em sua obra influências que passam pelo rock, pop, blues, bossa-nova, pela Tropicália, pela soul music e pela música eletrônica: estamos falando de Marina Lima!

Marina nasceu no Rio de Janeiro, e ganhou o seu primeiro violão ainda criança, para sentir menos falta do Brasil, quando foi viver nos Estados Unidos. Ela voltou pro Brasil aos 12, e aos 20 anos, musicou um poema escrito pelo seu irmão, Antônio Cícero, dando início a uma parceria de muito sucesso, que dura até os dias de hoje.

Em 1977, Marina Lima inicia oficialmente sua carreira e se torna conhecida nacionalmente, quando Gal Costa grava a sua canção Meu Doce Amor, em parceria com Duda Machado. Dois anos depois, Marina Lima se torna a primeira artista mulher a assinar um contrato com a gravadora Warner e lança o seu primeiro disco – Simples como Fogo, que já traz o grande sucesso A Chave do Mundo (parceria dela com o irmão).

7- Sandra de Sá

Sandra de Sá é uma das maiores artistas da nossa música popular brasileira. A cantora, compositora, atriz e instrumentista carioca, que despontou na década de 80, é considerada a rainha do soul brasileiro, com sua voz potente, interpretação voraz, cheia de suingue e letras que trazem mensagens importantes sobre conscientização social.

Nos anos 90, Sandra fez um trocadilho com a sigla MPB, dizendo que ela podia ser também sobre Música Preta Brasileira, refletindo sobre:

“A nossa música é essencialmente preta – suingada/balançante – pois começa e termina no tambor, no suingue: Não há ritmo que cantemos ou toquemos aqui que não contenha um toque de brasilidade. Isto é a nossa pretitude. Até porque se é popular, é do nosso povo, que é altamente miscigenado.”

Sandra de Sá é considerada a rainha do soul brasileiro | Foto: Divulgação/Instagram.

8- Fernanda Takai

Cantora, compositora e multi-instrumentista Fernanda Takai é também musicista e cronista.

Nascida no Amapá, Fernanda vive em Belo Horizonte desde os nove anos de idade e está há 30 anos à frente da banda de rock alternativo Pato Fu. Mas segue – paralelamente – uma carreira solo de sucesso desde 2007, tendo lançado nove discos solo.

Com a banda – uma das mais originais, criativas e inventivas do cenário pop e rock atual – Fernanda Takai lançou 13 discos e cinco DVDs, vendeu mais de um milhão de cópias, fez shows no Brasil inteiro e no exterior e ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum Infantil em 2011, com o disco Música de Brinquedo.

9- Adriana Calcanhotto

Cantora, compositora, instrumentista, arranjadora, ilustradora, escritora, professora e produtora musical, Adriana Calcanhotto e sua obra têm uma contribuição imensa para a música popular brasileira.

Nascida em Porto Alegre, começou sua carreira em meados dos anos 80 e lançou o seu primeiro disco, Enguiço, em 1990. Desde então, não saiu mais das paradas de sucesso: lançou um disco atrás do outro e emplacou diversas canções em trilhas sonoras, com seu repertório cheio de poesia e sua inconfundível e deliciosa voz.

10- Vanessa da Mata

Vanessa da Mata é uma das principais cantoras e compositoras da MPB da atualidade. Com mais de 20 anos de carreira, lançou nove álbuns e dois DVDs, além de atuar também como escritora, tendo lançado o seu primeiro livro em 2013.

Nascida em 1976, na cidade de Alto das Graças, no interior do Mato Grosso, Vanessa é uma apaixonada por música desde a infância e ouvia diversos ritmos musicais, de Luiz Gonzaga a Tom Jobim, de Milton Nascimento a Orlando Silva, passando por ritmos regionais como o carimbó e a música caipira, apreciando o samba e até música italiana.

11- Alcione

Conhecida como uma de nossas Rainhas do Samba, Alcione é uma das maiores potências musicais que este Brasil já viu.

Alcione chegou a ser chamada – junto com Beth Carvalho e Clara Nunes – de ABC do Samba. Dona de uma das vozes mais incríveis do Brasil, a Marrom – apelido da cantora, compositora e multi-instrumentista maranhense – já se apresentou em mais de 30 países, cantando seus sucessos, que vão dos sambas às canções românticas.

Com 50 anos de carreira, mais de 40 álbuns lançados e mais de 8 milhões de discos vendidos pelo mundo, a cantora é conhecida, prestigiada e premiada no Brasil e no exterior, já tendo cantado em mais de 30 países, com seu timbre inconfundível, voz potente, carisma gigantesco, presença de palco marcante e sucessos que vão dos sambas às canções românticas.

Alcione | Foto: Instagram.

12- Pitty

Além de cantora e compositora, Priscilla Novaes Leoni, a Pitty, também é apresentadora, produtora, escritora e multi-instrumentista. A baiana nascida em Salvador iniciou sua carreira profissionalmente em 1997, atuando como baterista – durante dois anos – da banda de punk rock Shes, formada apenas por mulheres.

Em 1998, Pitty integrou a banda de hardcore punk Inkoma, dessa vez atuando como vocalista e desenvolvendo também a sua veia compositora.Cursava a faculdade de música em Salvador, quando – em 2003 – lança seu primeiro álbum de estúdio solo, Admirável Chip Novo, que a projeta nacionalmente, trazendo vários grandes sucessos como Máscara e Teto de Vidro.

13- Marisa Monte

Marisa Monte é uma das maiores musas da música popular brasileira. Mesmo com a sua pouca idade para tal feito, a cantora, compositora, multi-instrumentista  e produtora tem mais de 30 anos de carreira e já é influência e referência de uma geração de cantoras que vieram depois dela.

Com sua afinação precisa, voz divinal, poderosa e sofisticada, e ao mesmo tempo suave e sensível, e seu apurado conhecimento musical e criatividade,  a cantora carioca já vendeu mais de 10 milhões de discos e ganhou prêmios importantes, incluindo quatro Grammy Latinos.

Marisa Monte na Turnê Infinito Particular e Universo ao Meu Redor | Foto: Site Oficial de Marisa Monte

14- Liniker

Liniker é uma artista considerada uma das maiores revelações da música brasileira. A cantora e compositora é uma mulher trans e uma das vozes mais presentes do movimento. Liniker nasceu no interior de São Paulo e ganhou mais popularidade com o EP Cru, lançado em 2015.

Desde então, passou por diversos locais em turnê, como no Brasil inteiro, nos Estados Unidos, na Colômbia, na Angola e em 16 países da Europa. Em setembro de 2021, a cantora Liniker lançou seu primeiro álbum em carreira solo, o Índigo Borboleta Anil, que teve a colaboração de Milton Nascimento e de Tassia Reis.

Liniker se tornou a primeira artista transgênero brasileira a vencer um Grammy na história. Seu álbum Índigo Borboleta Anil venceu a categoria de Melhor Álbum Brasileiro.

Liniker com seu Grammy Latino de Melhor Álbum Brasileiro (2022) | Foto: The Latin Recording Academy 2022

15- Luedji Luna

A cantora e compositora baiana Luedji Luna nasceu em Salvador, filha de dois funcionários públicos e militantes do movimento negro da cidade, que desde sempre lhe ensinaram muito sobre luta e ativismo político. Recebeu dos pais, inclusive, o nome da primeira rainha africana da etnia Lunda, considerada mãe de Angola.

Compositora desde os 17 anos, Luedji Luna já se apresentava na noite de Salvador, estudava na Escola Baiana de Canto Popular e fazia parte de grupos e coletivos artísticos da cidade. A artista conta que começou a escrever para romper o silêncio causado pelo racismo e discriminação que sofria na adolescência.

Com 25 anos, Luedji Luna mudou-se para São Paulo e, no ano seguinte, lançou o seu primeiro e aclamado disco: Um Corpo No Mundo, de 2017. Três anos e várias turnês nacionais e internacionais depois, outro sucesso: o seu segundo álbum, Bom Mesmo é Estar Debaixo D’água, gravado parte na África e parte no Brasil, e indicado ao prêmio de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira no Grammy Latino de 2021, no qual Luedji se apresentou ao vivo.

Uma menção honrosa a todas as grandes compositoras brasileiras

Além das 15 grandes compositoras brasileiras que mencionamos, vale aqui uma menção honrosa da Novabrasil a:

  • Paula Toller;
  • Baby do Brasil;
  • Anastácia;
  • Joyce Moreno;
  • Roberta Campos;
  • Maria Gadú;
  • Tulipa Ruiz;
  • Céu;
  • Zélia Duncan;
  • Ana Carolina;
  • Fernanda Abreu;
  • Ana Caetano;
  • Marina Sena;
  • Marília Mendonça;
  • Iza;
  • Ludmilla;
  • Anitta;
  • Julia Mestre;
  • Dora Morelenbaum;
  • E tantas outras!

Viva todas as compositoras e compositores da MPB!

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