O Neverwinter Nights ainda vive!

Em 2002, com apenas 65 pessoas na equipe e o investimento de alguns milhões de dólares, a BioWare conseguiu uma façanha: entregou um jogo baseado na poderosa franquia Dungeons & Dragons e que se aproximava bastante daquilo que tínhamos na versão física. 23 anos depois, o Neverwinter Nights continua adorado por muitas pessoas.

  • BioWare e a influência do dinheiro na criação de games
  • A dura missão de resgatar o prestígio da BioWare

Crédito: Divulgação/BioWare

Comandado por Trent Oster, o projeto começou apenas pouco mais de um ano antes e tinha como objetivo principal justamente recriar o sistema caneta-e-papel do jogo original. Isso incluía o papel do Dungeon Master, uma tarefa que parecia o Santo Graal para todos que tentavam transpor o RPG para os videogames.

Então, quando em 18 de junho de 2002 o Neverwinter Nights chegou às lojas, o que muitos encontraram foi um jogo excelente. Com uma campanha que passava das 60 horas de duração, havia muito conteúdo a ser explorado ali, mas a joia da coroa estava mesmo na ferramenta Aurora, que nos permitia criar nossas próprias aventuras.

Apesar de críticas pontuais ao seu enredo e até mesmo aos gráficos, o jogo caiu no gosto tanto da mídia especializada quanto do público. Para muitos, aquela era a realização de um sonho, algo que se refletiu diretamente nas vendas, mesmo com a editora tendo elevado seu preço para US$ 55 (quando o normal era US$ 50) durante o lançamento.

O sucesso permitiu que a BioWare trabalhasse na criação de três expansões (Shadows of Undrentide, Hordes of the Underdark e Kingmaker) nos anos seguinte e uma continuação direta seria lançada em 2006, mas essa sob os cuidados da Obsidian Entertainment e sem causar o mesmo impacto do primeiro jogo.

Neverwinter Nights: Enhanced Edition

Crédito: Divulgação/Beamdog

Desde então, uma grande comunidade se formou em torno do Neverwinter Nights. Sites como o Nexus Mods, ModDB ou a Oficina do Steam possuem uma infinidade de conteúdo para o jogo, de traduções para o nosso idioma a melhorias visuais, passando por correções e campanhas inteiras com estilos consideravelmente bem diferentes da original.

E por falar em correções, nos últimos dias os fãs desse clássico tiveram uma grata surpresa. Distribuído pela Beamdog, como o próprio nome diz, o Neverwinter Nights: Enhanced Edition foi uma versão melhorada lançada em março de 2018 e agora ela recebeu uma atualização que a tornou ainda mais interessante.

“Esse lançamento foi desenvolvido para a diversão pessoal e por boa vontade com os nossos colegas jogadores e criadores por engenheiros de software não remunerados da comunidade NWN,” diz o anúncio oficial, que ainda lista algumas das melhorias implementas com essa atualização.

Entre elas, merecem destaque a incorporação de anti-aliasing e filtragem anisotrópica; melhorias tanto no desempenho, quanto no código para partidas online; ajustes no compilador de scripts; e melhorias na qualidade de vida na ferramenta para criação de campanhas.

Crédito: Divulgação/Beamdog

A Beamdog afirma que ao todo foram realizadas mais de 100 melhorias no jogo e mesmo com boa parte delas sendo voltadas para quem mantêm servidores dedicados às partidas online de Neverwinter Nights ou cria campanhas para ele, não deixa de ser um feito impressionante.  

Também merece ser citado o empenho desse pessoal para aperfeiçoar um jogo lançado há tanto tempo. Embora atualmente boa parte das máquinas consiga rodar satisfatoriamente algo tão antigo, o desempenho pode ser prejudicado quando utilizamos muitos mods e por isso, qualquer ajuste será bem-vindo.

Também chama a atenção o fato dessa atualização ser reconhecida oficialmente por aqueles que agora cuidam da distribuição do jogo. Embora melhorias feitas pela comunidade não sejam raras no PC, não é sempre que as editoras as abraçam e o normal seria a Beamdog, no máximo, fazer vista grossa para esse trabalho.

Neverwinter Nights: Enhanced Edition

Crédito: Divulgação/Beamdog

No entanto, é provável que boa parte desta dedicação não existiria caso o Neverwinter Nights não fosse tão adorado, o que muito se deve a facilidade de produção oferecida pela ferramenta Aurora. Ao longo dos anos, além das “simples” campanhas criadas por diversas pessoas, o jogo foi utilizado até como plataforma de ensino, com uma professora da Universidade de Minnesota o aproveitando para treinar estudantes de jornalismo a como realizar entrevistas, fazer as pesquisas necessárias e checar fatos.

Embora num primeiro momento a criação utilizasse uma ambientação típica de uma campanha de Dungeons & Dragons, com a ajuda de um game designer a professora conseguiu situar a experiência em uma cidade fictícia moderna, com os futuros jornalistas tendo que fazer a cobertura de um acidente de trem.

O interessante é que o jogador/estudante teria quatro opções de fala durante as entrevistas e dependendo da maneira como abordasse as pessoas, elas poderiam simplesmente dizer que não tinham nada a comentar e encerrar a conversas. Situação pela qual qualquer jornalista já passou e com certeza ainda passará.

Crédito: Divulgação/Arelith

Já outra utilização para o Neverwinter Nights e que conquistou a atenção de muita gente, são os mundos persistentes. Aqui a diferença está em vivermos a aventura ao lado de outras pessoas, com as histórias se desenrolando mesmo quando não estivermos online.

Esse modelo de jogo é parecido com o que temos nos MMOs e um dos mundos persistentes mais famosos é o Arelith. No ar há mais de 13 anos, a única exigência para fazermos parte desta experiência é termos uma cópia do Neverwinter Nights: Enhanced Edition e segundo uma publicação feita no fórum oficial em dezembro de 2024, durante aquele mês 2066 jogadores passaram pelo servidor.

Por tudo isso, vida longa ao fantástico Neverwinter Nights, ele merece.

O Neverwinter Nights ainda vive!

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