Vírus da raiva: por que é tão letal em humanos?

Em Pernambuco, uma mulher de 56 anos contraiu o vírus da raiva e morreu após de ser ferida por um macaco sagui. O caso ocorreu em uma área urbana, quando queimadas na região forçaram o animal a sair da mata. Foi o primeiro caso de raiva humana no estado após oito anos sem notificação de infecções.

A raiva tem alta letalidade e pode virar um problema sério com o avanço humano dentro dos habitats animais. Segundo o Ministério da Saúde, a letalidade da doença é de aproximadamente 100%.

A doença infecciosa é causada por um vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae, que acomete mamíferos. Ela ataca diretamente o sistema nervoso, causando uma encefalite – ou seja, uma inflamação no cérebro. O infectologista do Hospital Albert Einstein, Moacyr Silva, explicou ao site IstoÉ que a enfermidade é de extrema seriedade.

“O vírus da raiva não tem cura. Na verdade, todos os pacientes que adquirem raiva, praticamente, falecem”, disse.

A transmissão para humanos ocorre por meio de mordidas, arranhões ou pelo contato com a saliva de um animal contaminado. O médico alerta ainda que, se a ferida acontece em locais como a face ou as mãos — onde há maior facilidade de acesso ao sistema nervoso central — a gravidade do problema pode mudar.

Cuidados e prevenção

A melhor maneira de se prevenir é com a vacina antirrábica, que pode ser tomada em caso de pré-exposição (sendo assim, recomendada para veterinários e profissionais da área) e de pós-exposição (indicada após contato com animais possivelmente infectados).

Nas situações de mordedura, arranhadura ou contato com mamíferos contaminados, a indicação é procurar atendimento médico para realizar profilaxia – isto é, aplicação da vacina e do soro antirrábico. A vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“A vacina é extremamente eficaz. Então, é muito importante que, caso você tenha sido mordido por um mamífero desconhecido, como um cão, faça a prevenção através da vacinação contra a raiva”, recomenda Moacyr.

Ação humana e riscos para a saúde

A ação do homem sob a natureza provoca o contato com desafios selvagens que, muitas vezes, os seres humanos não estão preparados para enfrentar. As doenças, virais ou bacterianas, são um exemplo de problemáticas encontradas quando a simbiose entre os animais é rompida.

“Quando um homem invade o meio da floresta, isso vai favorecer que você adquira não só a raiva, mas outras doenças silvestres que estão ali naquele ciclo interno entre os animais”, explica o Dr. Moacyr.

O médico alerta que o convívio com organismos desconhecidos apresenta grandes riscos para a saúde humana, que muitas vezes não possui a defesa adequada para lidar com patógenos novos.

“Quando você tem uma invasão de terras florestais, de uma área que já está fechada, isso vai, com certeza, favorecer diversos vírus que são desconhecidos até então”, esclarece Moacyr.

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