Como funciona o aparelho de IA que lê mentes?

Estamos testemunhando uma nova era da tecnologia, em que a ficção científica ganha vida e transforma o cotidiano. O futuro já chegou, e ele é moldado pela Inteligência Artificial (IA). Entre as inovações mais impressionantes dos últimos anos está a criação de dispositivos capazes de interagir diretamente com nossos cérebros, antecipando tarefas e reinterpretando a relação entre humanos e máquinas.

Dessa vez, a startup Omie, com sede em San Francisco, elevou o conceito de assistente virtual a outro patamar. Seu dispositivo, chamado Omi, funciona como um “assistente virtual para a mente”, transformando pensamentos em ações práticas e potencializando a produtividade.

Como funciona o Omi?

Disponível em duas versões – um botão discreto ou um colar estilizado –, o Omi utiliza sensores avançados e algoritmos de aprendizado de máquina para interpretar sinais cerebrais. A primeira versão, que chega ao mercado por US$ 89, oferece funcionalidades de áudio e pode:

  • Capturar pensamentos: processar sinais cerebrais para antecipar comandos, reduzindo a necessidade de ações manuais;
  • Gerar relatórios textuais: escutar conversas e transformá-las em documentos prontos, enviados diretamente ao smartphone do usuário;
  • Gerenciar privacidade: as conversas podem ser armazenadas localmente ou na nuvem, com todos os dados criptografados e uma opção de exclusão instantânea no aplicativo da Omie.

A compatibilidade é ampla, atendendo dispositivos iPhone e Android, e o aparelho pode ser configurado para reconhecer exclusivamente a voz do proprietário.

O mercado de leitura cerebral

A Omie não é a única a explorar essa fronteira. A Kernel, outra startup norte-americana, lançou anteriormente o Kernel Flow, um capacete que usa luz infravermelha para escanear o cérebro humano. A tecnologia, antes restrita a equipamentos gigantes e caros, foi miniaturizada para facilitar sua adoção por pesquisadores e, eventualmente, consumidores.

A promessa de dispositivos como o Omi e o Kernel Flow vai além da produtividade. Eles podem abrir portas para novas formas de interação com a tecnologia. No entanto, desafios éticos e questões de privacidade já levantam debates sobre os limites dessa inovação.

Em outubro de 2021, o Chile se tornou o primeiro país a garantir, em sua Constituição, a proteção aos dados cerebrais e à atividade neural, com a aprovação da Lei nº 21.383. A legislação estabelece que o avanço científico e tecnológico deve respeitar a vida e a integridade física e psíquica das pessoas, além de prever a regulamentação do uso da neurotecnologia.

No Brasil, a discussão sobre os neurodireitos também ganha força. A PEC nº 29, que tramita no Senado desde 2022, propõe alterar a Constituição Federal para incluir, entre os direitos e garantias fundamentais, a proteção à integridade mental e à transparência algorítmica (tornar acessível e compreensível os algoritmos de aplicativos computacionais). Isso significa que o desenvolvimento científico e tecnológico deverá assegurar esses direitos.

Paralelamente, o Projeto de Lei nº 1229, de 2021, propõe modificar a LGPD para incluir a proteção dos dados neurais, abrangendo informações obtidas por sistemas eletrônicos, ópticos ou magnéticos, a fim de conceituar dado neural e regulamentar a sua proteção. 

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