Escala 6×1: Fim à vista? O que muda com a nova PEC e quem será afetado

Escala 6x1: Fim à vista? O que muda com a nova PEC e quem será afetado

A escala 6×1, aquela rotina onde se trabalha seis dias consecutivos para descansar apenas um, está no centro de um debate acalorado.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) pretende reduzir a jornada máxima semanal de 44 para 36 horas.

Se aprovada, essa medida pode mudar a vida dos trabalhadores brasileiros, mas também gera uma série de preocupações no mercado.

A proposta da escala 6×1

A proposta da escala 6x1 Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A proposta da escala 6×1- Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A PEC estabelece que a semana de trabalho seja limitada a quatro dias, com jornadas de até 8 horas diárias. Assim, a escala 6×1 daria lugar ao formato 4×3: quatro dias de trabalho e três de descanso. Segundo a deputada, o modelo atual “sufoca o trabalhador”, deixando pouco espaço para estudos, lazer ou qualificação profissional.

O texto evidencia que, apesar da redução da jornada, os salários não seriam alterados, protegendo os trabalhadores de possíveis cortes nos rendimentos.

Quem sofrerá mais a influência dessa PEC?

Fim da escala 6x1? Novas escalas de trabalho ganham força no Brasil
Quem sofrerá mais a influência dessa PEC?

Os setores de comércio, hotelaria e alimentação estão entre os mais vulneráveis. Essas áreas, que necessitam de força de trabalho constante, precisariam se reorganizar completamente. Com três dias de folga semanais, as empresas poderiam ser forçadas a contratar mais pessoas ou intensificar o uso das horas extras, o que pode pesar no bolso.

Os benefícios

Candidatos a emprego nervosos esperando pela entrevista e lendo seus currículos repetidamente - Fotos do Canva
Os benefícios – Fotos do Canva

Para os apoiadores, a proposta significa mais do que apenas descanso; é um caminho para a saúde, o bem-estar e a produtividade. Um projeto-piloto realizado no Brasil com 21 empresas em escala 4×3 mostrou resultados animadores:

  • 62,7% dos trabalhadores relataram menos estresse;
  • Houve redução de desgaste emocional em 49,3%;
  • Melhoria na conciliação entre vida pessoal e profissional para 57,9%.

Além disso, as empresas podem se beneficiar com menos faltas e maior permanência de profissionais competentes. Estudos indicam que funcionários mais descansados são mais propensos a ser mais leais e produtivos.

Mas nem tudo são flores

Por outro lado, críticos apontam riscos significativos. A flexibilização da escala 6×1 poderia prejudicar quem mais precisa, pois favoreceria a informalidade, com empresas contratando mais autônomos e Pessoas Jurídicas para evitar custos adicionais, como diversas taxas e impostos. Pequenos negócios, já pressionados, teriam dificuldades em arcar com o ônus de mais contratações, o que poderia elevar preços e até comprometer sua sobrevivência. Isso, sem citar os Micro Empreendedores Individuais (MEI), que têm diversas limitações.

Além disso, trabalhadores remunerados por hora poderiam enfrentar cortes salariais, caso não haja compensações adequadas.

Como será o caminho no Congresso?

Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF Por: Marcello Casal JrAgência Brasil
Como será o caminho no Congresso?– STF Por: Marcello Casal JrAgência Brasil

A PEC já conquistou as 171 assinaturas necessárias para tramitar e agora será analisada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Após essa etapa, será discutida em comissões especiais, com audiências públicas envolvendo sindicatos, empresários e especialistas.

O processo promete ser longo e muito polêmico. A aprovação no plenário da Câmara exigirá o apoio de 308 deputados, antes de seguir ao Senado.

O que está em jogo?

O fim da escala 6×1 representa mais que uma mudança na jornada de trabalho: é um debate sobre o futuro das relações trabalhistas no Brasil. A proposta pretende alinhar o país a tendências globais, mas precisa equilibrar qualidade de vida, produtividade e sustentabilidade econômica.

No fim das contas, pode-se dizer que a escala 6×1 é uma faca de dois gumes: traz melhorias para o trabalhador, mas se não for cuidadosamente planejado, as consequências poderão ser muito negativas.

Será que o trabalhador brasileiro está preparado para essa mudança? Será que, na prática, uma semana mais curta não vai pesar mais no fim do mês?

As próximas discussões no Congresso prometem as aguardadas cenas dos próximos capítulos.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.